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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Entrevista com o zineiro Job "Katz" Fernando !






Quem é Job Fernando, conhecido principalmente como “Katz”?

Katz é a forma como o Job Fernando gosta de ser chamado. Aos 28 anos, esta criatura segue expressando suas impressões em relação ao que o toca. Mais que nunca, isto o agrada.

Sempre inquieto, o Katz encontrou nas artes uma forma de seguir adiante. Neste mundo formado absolutamente por realidades relativas, este logo trata de criar seus mundos e habitar-los como refúgio e salvação para a angustiante sensação de que sua própria existência pode devorar-lo. De forma incansável, o pobre então trava sua árdua “guerra de mundos”.

Pois é, são expressões simples acerca de impressões complexas que movem o velho Katz. Buscando algo mais, este então passa boa parte de seu tempo escrevendo e desenhando e cortando-colando e ouvindo música. Ah, me lembrei: o Katz sou eu! (risos)

Quando os fanzines entraram em sua vida pela primeira vez?

Os zines entraram em minha vida quando eu tinha quatorze anos como fruto dum amor à primeira leitura. E isso eu devo a cultura punk. Ah, foi através do punk que eu conheci estas folhas xerocadas apaixonantes que circulam no underground e percebi que este consiste no caminho marginal que eu busco para seguir adiante.

E a idéia, de editar o seu fanzine, surgiu quando exatamente?

Eu passei a sentir vontade de editar meu próprio zine quando passei a manter um contato mais íntimo com essa forma de publicação. Por vários motivos, porém, eu levei algum tempo para conseguir produzir meu próprio material. É; felizmente, minha hora chegou!

Sei que já lançou diversos zines por aí, nesses anos todos. Poderia citar os nomes, e se possível, á duração/tiragem de cada um deles?

Eu lancei meu primeiro zine em março de 2004. Pois é, eu tentei e tentei até que num belo dia (e que dia!) eu finalmente consegui xerocar as matrizes da Força Mecânica. E viva!

A Força Mecânica trouxe consigo algumas informações acerca de música de rua (Streetpunk/Oi!, Ska, etc.) e futebol (torcidas organizadas!). E seu único número rendeu mais de 120 cópias. Sim, sim, este foi o zine que editei que obteve mais aceitação!

Após um triste intervalo de três anos, já em abril de 2007, eu lancei o primeiro e único número do Turbo Zino. Por sua vez, esta publicação reúne uma entrevista e alguns textos relacionados ao universo punk que estavam arquivados há algum tempo. Ah, sua tiragem não ultrapassou 30 cópias.

Pois é, livrei-me da fama de editor de zines de número único através de minha querida amiga Karta Bomba. Sua edição de estréia viu à luz em setembro de 2008. E, até seu aniversário de um ano, esta ganhou 5 números com cerca de 50 cópias cada.

Ah, após 365 dias em atividade, a Karta Bomba deu início à Greve da Bomba. É; então produzimos a Koletiva Umbela Bomba Zino e está veio à tona em dezembro de 2009 como um veículo de manifestação de críticas ao underground. Sim, assim como a K.B.Z. está conta com cerca de 50 cópias.

E foi durante este período de insurgência que eu produzi também o Kaderno Bomba Zino. E esta publicação lançada em abril de 2010 com tiragem de 71 cópias trouxe em suas páginas algumas matérias acerca de Street Art e Punk Art. De alguma forma, a chama segue acesa e eu ainda pretendo dar continuidade a este projeto.

E a Karta Bomba Zino foi reinventada! Sim, quando da comemoração de seus dois anos, retomamos àquela atividade de forma um tanto diferente e alteramos seu nome para Koletiva Karta Bomba Zino. E até o momento esta conta com duas edições com tiragens de 71 cópias cada.

Já entre a última semana de 2010 e os dois primeiros meses de 2011, nós da Inventiva Trupe de Marginais Inventados/as demos início a um novo projeto: a Agenda Bomba Zino. Sim, esta publicação tem como objetivo expressar nossas impressões acerca de nossos cotidianos de forma um tanto despretensiosa. E, até o momento, esta conta com dois números com 72 cópias cada.

Normalmente, os zines “seguem” um estilo ou tem uma proposta muito definida. Ele pode ser musical, politizado, hq’s, etc. O seu tem um pouco de cada coisa, fluindo de forma bem natural e honesta...

Sim, sim; de alguma forma, eu sempre escrevi sobre temas que me inquietam e estes são vários: música, política, impressões pessoais acerca do cotidiano, etc. Através de prática, felizmente consegui desenvolver minhas próprias formas de expressão. E hoje eu procuro escrever e desenhar de modo mais pessoal.

E os colaboradores, tão ilustres? Zé da Bota, Velho Urso, Maria Botina, Arauto do Vazio e tantos outros? Todos reais, ou apenas frutos da imaginação criativa do seu editor? ( risos )

Risos... Eu gosto quando me questionam sobre estes/as amigos/as queridos/as. Sim, sim...

Estes/as existem! Tendo em vista que nas relações humanas as pessoas são umas para as outras àquilo que cada indivíduo possui de impressões e idealizações em relação ao próximo e que ao criarmos algo em nossa inventiva imaginação isto passa a existir ao menos para nós mesmos/as, digo que tudo e todos/as (sim; inclusive você que está lendo isso!) somos frutos de imaginação. Desta forma, estes/as meus/minhas parceiros/as são reais e viva e viva!

No fim das contas, contudo, eu não sei se recebo estes/as ou se cada um/a destes/as é que incorpora o Katz.

Depois do “Karta Bomba Zino”, que parece se encontrar em férias, seu mais recente trabalho é o “Agenda Bomba Zino”. Ele vai seguir em frente, ou novos projetos devem surgir? O K.B.Z tem previsão de uma nova edição?

Pois é, muita coisa mudou depois da Greve da Bomba. Quando chegamos a algumas conclusões acerca de movimento, reinventamos a K.B.Z. e já estamos planejando a sua próxima reinvenção. Sim, sim, o fato é que esta deve se tornar uma nova publicação já em seu aniversário de 3 anos...

Enquanto isso, nós daremos seqüência também à Agenda Bomba. Sim, a produção desta publicação que surgiu de forma despretensiosa e desprendida muito tem nos agradado. Ah, esta tem sido uma ótima forma de nos expressarmos.

Há ainda outros projetos. E, se tudo ocorrer como esperado, até o fim deste ano nós teremos muitas novidades. Ah, que maravilha!

E dos fanzines em circulação, e também dos que não existem mais, quais são seus preferidos?

Ah, eu gosto muito de muitos zines novos e antigos... Inúmeros me influenciam. E, para não tomar muito espaço, vou citar meus preferidos de todos os tempos.


Vamos lá: Academia de Punk Rock, Needle, Hazlo tu Mismo (Argentina), Facção Underground, Surfcore, Paulistanos Suburbanos, Zips & Chains (Itália), Alternar, Alone, Diesel, Aviso Final, Depto B, Kaskadura, Golpe Justo (Argentina), Action for Life, Contravenção, O Monstro, Aaah!!!, Choque!! Reação no ABC!, Alogia J, Cryptas (México), Antimidia, Clube Skin (Portugal), Anjos de Cara Suja, 333, Manufatura, Anti-Bélica, Dalhe!!! (Estado Espanhol), Catalepsia, Nuvem Negra, Seja - Você Mesmo, Conversas Paralelas, Revolta Skinhead, Amor y Ódio (Argentina), True Lies, Histérica, Sub, Revolta Vermelha, 72 D.i.e.s.e.l, La Nariz Roja (Estado Espanhol), FanzinEx, No Somos Nada (Argentina), Fuzz Zine, Propuesta Modesta (Argentina), Pauta Lixo, O Robô – Nunca faz greve, Radio Kriminal (Chile), Destroi, Mente Engatilhada, XOlho por OlhoX, Profane Existence (EUA), Spell Work, Vandal Kings, Tiempo de Cambio (Argentina), Dr. Sexta-feira, Tribal Screams, United Zine...

Por diversos motivos, porém, sinto que, de alguma forma, dois zines antigos muito contribuíram para a forma como eu escrevo e faço minhas coisas hoje: La Kudrilo Zino e Água.

Apesar dos tempos modernos, o zine impresso segue ainda firme e vivo, lutando sempre contra a maré. Fale um pouco dos encontros/reuniões de zineiro/as, documentários, etc, que estão acontecendo ultimamente?

Ai, sim! Percebo que hoje as publicações impressas marginais estão passando por seu melhor momento nos últimos dez anos. Embora não sejamos muito numerosos/as, somos apaixonados/as ao ponto de fazer as coisas acontecerem. E, talvez por isso, de um ano pra cá, nós estamos tão unidos/as e articulados/as.

Os Encontros de Zineiros/as são algo maravilhoso. Muita troca de materiais e informações, muita produção, muita amizade; e através disso estamos colhendo grandes frutos: zines produzidos de forma coletiva, oficinas, produção de documentários, etc. Acho que, agora, nada pode nos parar...

Sua trilha sonora enquanto edita/monta/pensa/trabalha seu zine, é qual?

Eu sou apaixonado por música de rua! Ouço música constantemente e, de alguma forma, a música também me serve de combustível; inclusive quando estou produzindo minhas coisas.

Sigo ouvindo Punk Rock, Streetpunk/Oi!, Hardcore, Rap, Ska, Reggae, Mangue, Samba... E viva! É o som das ruas...

Para citar algumas bandas/grupos, vou lembrar do que mais ouvi quando da produção da Agenda Bomba (meu último zine até o momento): Restos de Nada, Invasores de Cérebros, DZK, Excomungados, Olho Seco, Ulster, Anarcoólatras, Psychic Possessor, Grinders, Hino Mortal, Armagedom, Personal Choice, Síndrome de Down?, Ação Direta, Araukana, Hemp & Caos, Mongolords, Ovos Presley, Flicts, TPM, Perdedores, NYAB, Minor Threat, Bad Brains, This Side Up, Oppressed, Blitz, Nabat, Stab, Klasse Kriminale, Los Fastidios, Non Servium, Skacha, Keltoi!, RPW, RZO, Função RHK, Racionais, Consciência Humana, Facção Central, Bezerra da Silva, Jimmy Cliff, Simaryp, Specials, Bodysnatchers, Madness, Selecter, Skalariak, Chico Science & Nação Zumbi... :-)


É isso, Katz ! As últimas palavras são suas, pode acrescentar o que quiser! E obrigado pela entrevista, parabéns pelo seu ótimo trabalho! Vida longa!!!

Amigo Márcio, muito, muito, muito obrigado por sua amizade e apoio e gentileza! Com cerveja, nos veremos em breve para colocarmos a conversa em dia. Para encerrar: Para quem faz e/ou gosta zine de papel, aquele abraço! :-)

Contatos:
Job "Katz" Fernando Silicani
Caixa Postal: 028
CEP: 06653-970
Itapevi - SP (Brasil)
e-mail: kartabombazino@yahoo.com.br