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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Entrevista: Ferox





Alex Cable e sua esposa Nix formaram a banda Internal Autonomy em 1986 em Frimley (uma pequena cidade da Inglaterra)
Punk, gótico ou anarco punk....porque é 1986 não havia uma distinção tão "grande" - por isso não tinha importância e ninguém tinha pensado
em "post-punk" ou "peace punk" ou Dark Punk" ainda.
O Internal Autonomy está morto!! (como a Thatcher!!!) longa vida ao Ferox, a nova banda do casal junto ao baixista de humor irônico e divertido Mark.
O trio foi muito firmeza em responder as perguntas cabeçudas de Renato e Denis Loureiro. (um grande admirador e divulgador da banda)
Gostaria de ter feito esta entrevista antes portanto peço desculpas a todos os envolvidos, principalmente a Alex, Nix e Mark.. agradeço o apoio do Alternar Zine
e a Tradução eficiente e boa de Katia Nunes e Catarina Troiano.
A entrevista é longa e modéstia a parte esta bem legal, em tempos de facebook e net, as pessoas tem lido menos, mas.. penso que o webzine continua com o espírito "zineiro" ou seja: só para os fortes e que entendem esta linguagem do "faça você mesmo"
Quem tiver interesse em conhecer o som do antigo Internal Autonomy e o atual Ferox, curtam a página, entrem em contato que vale muito a pena.
Ferox produziu material novo e tem o link para baixar o CD.
Os dois CDs que eles enviaram, possuem a arte de capa artesanal e muito bem feita. (resenha dos cds em breve!!)
Por: Renato Andrade



1)A ideia de LIBERDADE(pessoal/social) fora inspirada pelos exemplos que tiveram de acordo com Ações ou Teorias Políticas?

Mark: Praticamente todas as minhas ideias sobre liberdade vêm de Joe Strummer e Bob Marley. Eu também me inspirei em Genghis Khan depois de ler uma biografia sua recentemente, em oposição a " oh, sim, eles violaram e pilharam o mundo ". Amo a ideia de que a ideologia de um homem poderia unir uma nação em grande escala.

Nikki : Minhas ideias sobre liberdade cresceram no decorrer da minha vida. Quando eu era jovem, era como encontrar uma maneira de viver. Agora que estou mais velha, percebo que o melhor é ter liberdade para si mesmo. Ideias são baseadas em julgamentos morais, leis, regras ou doutrinas e isso não é liberdade, pois regras sempre podem esmagar outra pessoa ou escolha. Eu vivo tão livre quanto posso com respeito mútuo, apoio e procuro não criticar ou restringir outras pessoas para que não façam isso comigo também. Há muitas coisas que não gosto de ouvir, mas posso usar minha liberdade pessoal para falar a minha verdade. Censura significa não liberdade. Não censura = liberdade.

Al : Bem, hoje em dia elas vêm da ação e prática, quase inteiramente. no final da minha adolescência/ começo dos vinte anos, me interessei em ler sobre teorias do anarco/ comunismo e sindicalismo e tal por alguns anos. Creio que estava obcecado em teorias ( risos ) e foi um erro, talvez, em alguns aspectos, mas aprendi com isso, felizmente. Hoje em dia, as minhas ideias são o resultado da experiência que tenho, tanto que considero todas as teorias políticas mais ou menos irrelevantes. Mesmo que sejam lindas. Não quero dizer que a " anarquia é uma porcaria ", sua base filosófica é pura, simples e genial, muito verdadeira, o que quero dizer é que ter uma cabeça cheia de bagagem teórica não o tornará livre nem mostrará como assim sê-lo. Política não faz parte da solução, é parte do problema. Ela redefine, seletivamente, distorce a realidade. Pode-se argumentar eternamente sem progresso ou resolução. A Esquerda quer que acreditemos estamos todos em sociedade e justiça e isso é o que importa, já a Direita
quer que acreditemos em necessidades pessoais e familiares. somos humanos e precisamos da duas versões e muitas coisas além disso.
Até entender qual parte da equação é a mais importante ( só assim alguém pode dividir ), nunca faremos progresso. Você pode teorizar sobre cozinhar ovos, pode discutir como como cozinhar um ovo....ou pode simplesmente cozinhar a droga do ovo, entendeu ? qual a dificuldade nisso ? O que funciona na vida real e produz uma verdadeira liberdade, na minha opinião, poderia ser chamada de "cooperativa individualista " ou seja, o autogoverno, com envolvimento interativo na sociedade e com outras pessoas, mas sem interferir no jeito de como deva viver, pensar ou ser. Para obter respeito, precisa aprender a respeitar o espaço dos demais e para conseguir sua liberdade , precisa aceitar e tolerar a liberdade dos outros também. Para ter seu próprio espaço é necessário que os demais também tenham. Toda ação gera uma reação. Se alguém transmite um problema grave ou uma ameaça, há maneiras de lidar com isso, certo ? A solução mais correta com aqueles com quem não consegue se entender é deixá-los sozinhos para que façam as coisas do seu jeito, mas não podemos fazer isso na comunidade e por isso que nunca duram. Praticamente nada pode ser organizado ou alcançado diretamente pessoa a pessoa. Organização natural e rede social fazem com que as coisas sejam feitas com muito mais imaginação e inteligência e o mínimo de confusão, como um sistema que nunca nos decepciona. A vida tem seus problemas, mas os únicos que não consigo resolver com a cooperação e ajuda de outras pessoas, de fato, vêm da economia, leis e do governo, o que isso diz a você ? Que cada um deve ter sua própria opinião e essa é a minha ideia sobre liberdade.

2-Quem definiu a linha musical e o nome INTERNAL AUTONOMY ?

Al : INTERNAL AUTONOMY ! Todos tivemos participação em maior ou menor escala. Acredito que, em sua maioria, ele foi feito na base do " contribua com o que quiser, criativamente ".

Nikki : Fizemos a maior parte do trabalho e sua definição, eu creio. Essa é uma boa pergunta, mas ninguém pode dar uma resposta definitiva, apesar de estar sentado aqui sorrindo. Mesmo assim, a resposta é simples: Al, pois ele tem sido parte de cada pedaço de música feita de 86 até agora, 2014. Desde seus 17 anos até agora, ele tem feito toda a engenharia e gravação. Ele fez melodias, tocou guitarra , bateria, baixo e algumas vezes escreveu muitas letras, mas...mas...mas...( e estou dizendo isso porque ele nunca diria ). Al não pensa nisso como " seu " e nunca escutei ele dizer " minha banda ". Isso nunca foi feito para ser a banda de alguém, nunca. Como resultado, o que tem acontecido é uma constante mudança, sombra, corrente melódica de música. Cada um de nós adicionando a ele o que poderia ou que queria ao longo do caminho e penso que vai para todo mundo que já trabalhou como parte dessa banda.

3-Quais são as influências musicais e o que mais marcou na cena Anarcho-punk?
Mark : Fácil. Punk dos anos 70, HC ( Discharge , UK 82 ), Stranglers, Clash, Dead Kennedys, Marley, Cockney Rebel and Dr. Hook ! Pra ser honesto, nada tive a ver com o anarco-punk, pois não dei a devida importância na maior parte dos anos 80.

Al : Eu gosto de muitos tipos de música : dub reggae é uma influência muito impostante pra mim, como HC , por exemplo. De volta ao início dos anos 80, minhas bandas prediletas foram : Crass, Bad Brains, Killing Joke, Siouxsie, Discharge, UK Subs, The Astronauts, Amebix, Peter and Test Tube Babies, Rubella Ballet, Dirt, UK Decay, Fleux, Action Pact, ATV, X-Ray Spex, Southern Death Cult, Bauhaus, The Ex, ANWL, The Alternative, R. Peni, The Damned, The Apostles e, claro, Sex Pistols. Não me importo se isso é ou não 'anarco-punk'. Essa definição não existia naquele tempo. Crass Clones foi o único que mais se aproximou, pra mim, ao anarco-punk. Eu posso ser anarquista e punk, mas , realmente, nunca pensei em mim como anarco-punk.
À medida em que a cena segue, sempre gostei da diversidade, o cenário de total liberdade era divertido, criativo e vibrante, realmente instigante e pé no chão, aberto, ninguém atacava alguém por usar roupas de couro ou por contar piadas politicamente incorretas, as pessoas eram mais honestas e ' de boa ' naquela época.

Nikki: Influências musicais são uma coisa engraçada, pois eu creio que 9 de 10 tentativas de fazer uma música falharam. Há sempre sal demais na mistura. As influências mais interessantes são as que chegam até você sem que pense muito nisso. Pessoalmente, rock'n'roll, soul, blues, punk, gótico, ópera, metal, hippie, tenho tudo isso acontecendo. Vamos dizer apenas..eclética ? O que mais eu gosto no anarco-punk dos anos 80 ? A forma como eu poderia conectá-lo com as pessoas , não apenas às pessoas em regiões distantes de seu próprio país, mas em todo mundo. Não sou o tipo de pessoa que tenha de ver todo tipo de banda classificada ao vivo, então, eu nunca tive de morar em algum lugar com uma cena onde a subcultura acontece. Não me importo em me encaixar nas tendências ou seguir uma doutrina, tipo: ' sapatos veganos são a " bola da vez " ' ou ' o hambúrguer vegano que comprei foi " aprovado " pela cena '. Mas eu amo fazer música e arte, partilhar ideias sobre liberdade. Essas são, realmente, coisas muito boas.



4-Com relação ao projeto FEROX que lançaram pela plataforma Indiegogo, comente as dificuldades e frustrações do passado e dos dias atuais,como os benefícios tecnológicos.

Nikki : Fizemos pela Indiegogo apenas porque realmente não tínhamos dinheiro sobrando para finalizar o álbum ' Ferox ' ( do it yourself ). Indiegogo permite manter todo o dinheiro investido, mesmo que você não atinja o seu objetivo, foi importante para nós, porque as pessoas que pagaram, conseguiram o que queriam. Foi bom e ruim. Bom: ele permite que você comece um projeto do nada e fique no controle. Ruim : se as pessoas não o toleram, ele falha, nós pensamos numa maneira de dar a elas o que prometemos e nos orgulhamos disso. Mas, creio que ele nos fez perceber que as pessoas que gostam do Internal Autonomy não gostaram muito das músicas do ' Ferox '. Isso é um problema quando você quer fazer músicas novas e não somente repaginar as músicas dos anos 80. Ou pior, Tornar-se seu próprio cover tocando seus próprios hits e isso não seria sermos nós mesmos. Então, nos reunimos numa noite na companhia de café e cigarros e decidimos homenagear Internal Autonomy do álbum ' Ferox ' e, em seguida, parar de usar o nome para sempre.
Dessa forma, as pessoas conseguem gostar e manter I. A., assim como nos anos 80 com aqueles sons das fitas da época. Enquanto nós, as pessoas que fazem a música, conseguimos produzir sons novos com novos descontentamentos, ideias, amor, dor e tecnologia. INTERNAL AUTONOMY, em 2013, torna-se ' Ferox '. Então, o futuro é Feroxide.


Mark : Sobre Indiegogo ? Tecnologia é Deus e o Diabo. Algo que eu considero que representa a humanidade com bastante precisão. O lado positivo é que funciona muito bem para projetos como o nosso. O negativo é que tenho vontade de matar todo mundo que não pode escrever uma frase inteira adequadamente.

Al : Precisamos do dinheiro para fazer o álbum. A resposta não foi tão boa como queríamos, mas nos ajudou muito e encontramos uma maneira de fazê-lo dentro do orçamento. Não houve muita frustração. A frustração, tanto do passado e do presente, é que os punks querem que você lance sua música e que não paguem por ela ou não querem que você ganhe dinheiro com isso e ainda o denunciam como " capitalista sujo " ,se fizer dessa forma. Não tenho certeza de funciona essa economia. Tudo custa dinheiro, cada banda, cada zine, cada gravação...o sistema monetário não é opcional e se você espera que aqueles que criam para você não tenham uma compensação, então, não é um anarquista e sim, um aristocrata.É ótimo quando as pessoas disponibilizam sua arte gratuitamente e temos feito isso também ! Não negamos a ninguém uma cópia gratuita da nossa música se realmente não puder se dar ao luxo de pagar por ela. São bem-vindos, mas as pessoas devem apoiar-se mutuamente, se puderem, já que nenhum comércio é sustentável se for tudo ' pegue ' e não ' dê ', o capitalismo ou o não capitalismo.

5. Vocês conseguem escolher alguém para tocar ou trabalhar, se vocês pudessem, quem seria? (Antigamente ou hoje em dia).

AL: Cult of Luna, Killing Joke e Jello Biafra, seriam ótimos. Eu meio que fiz isso quando dirigi e coproduzi o disco In Defence of Compassion do The Astronauts — foi uma grande experiência, eles foram e são minhas bandas favoritas e, também, pessoas muito legais na vida real.

MARK: Jello Biafra, Joe e Johnny Cash!

NIKKI: David Bowie, Killing Joke, Einsturzende Neubauten.

6. A banda Internal Autonomy gravou versões do Rudimentary Peni. Vocês tem uma boa história sobre esse episódio? (amizades, influências).

AL: Não, mas gostaria de ter! Eu sempre curti o som deles e me lembro do dia em que ou-vi, eu tinha contato com muitas pessoas que os conheciam, mas nunca andei com eles pessoalmente.

NIKKI: Nenhuma história legal, só curto muito a banda desde o começo... estética, som — brilhante. :)

MARK: Nunca ouvi Rudimentary Peni, mas sempre gostei do nome!


7. Aqui e em alguns lugares existe um tipo de "vigilância" sobre as bandas punks. Por exemplo, existe alguma banda que vocês gostam, mas que os fãs deles não estariam tão satisfeitos? E, de acordo com o que pensam, até onde vai o conceito de liberdade?

MARK: Suponho que você se refere aos fãs que criticam as bandas por "se vender", etc.? Se for isso, muitas vezes eles não estão se vendendo, mas sim amadurecendo enquanto músicos e pessoas. Se a banda é boa e ainda é relevante, em geral, seu público vai "curtir". Eu citaria NMA [New Model Army] nesse aspecto.

NIKKI: Ninguém é perfeito. Eu não penso que policiar o comportamento das pessoas tenha algo a ver com liberdade. Eu poderia, como artista, me importar se alguém copiar o meu trabalho, mesmo sem falar comigo, porque isso mostraria falta de respeito. Mas, eu não vou impedi-los. Liberdade significa que você é livre para fazer suas próprias escolhas. E, eu não preciso concordar. A vida é um paradoxo — como você pode ver.

AL: Todos têm direito à sua opinião e escolha pessoal, do mesmo jeito bandas e fãs, para ser honesto, não gosto de pessoas que ficam "pregando" ou sentados em um pedestal da moral, de onde julgam os outros a partir de suas concepções. Há muito tempo existe este problema na cena Punk: era pra ser sobre liberdade e anarquia, mas a "mensagem" é mais sobre uma série de proposições morais inflexíveis. Então, existe ai uma grande contradição: você quer a liberdade ou quer que aceitem suas regras? "Não matarás", OK, é possível parar de matar? Mesmo entre os adeptos mais fervorosos dos Dez Mandamentos? Veja, você pode proclamar, ditar, julgar, criticar e punir tudo que você gosta, mas é inútil, por-que você não pode erradicar o desejo e a necessidade de matar: NUNCA!! É como lidar

com qualquer coisa que afeta suas necessidades, entende? Entretanto, "bom" e "mau" sem-pre irão existir, em qualquer lugar, com qualquer um, apesar de todas as leis, regras, governantes ou militantes. Você não pode realmente "controlar" a vida ou "mudar o mundo" desse jeito —pelo menos, não para contribuir — você só pode fazer o seu melhor como um indivíduo. Às vezes, isso é o suficiente, às vezes não. A vida não é perfeita, as pessoas não são perfeitas —pense nisso!


8. Como é a frequência e a circulação dos zines na cidade de vocês? O que pensam sobre blogs e zines?

AL: É uma pequenas comunidade de mineradores, em Wales não tem uma super cena Punk, mas são Punks de muitos outros jeitos!

NIKKI: lol [risos] Esta é uma verdade não muito glamorosa... Al e eu vivemos em uma comunidade/vila de ex mineiros economicamente esquecida— é apenas uma velha rua de 100 anos, com duas fileiras de pequenas moradias de trabalhadores rurais, e, é a metade do caminho até a montanha Welsh. Você pode andar milhas ao redor daqui, mas acredito que somos os únicos praticantes do "punk". Não existe um "cena" e nós gostamos disso. Somos um grupo de pessoas independentes que não desejam ou necessitam de qualquer aceitação ou validação, nos preocupamos em fazer música, mas realmente não vamos mu-dar o jeito de promover o nosso trabalho. Gostamos de viver à nossa maneira e essa comunidade nos deixa fazer isso — é uma "experiência de vida" incrível. Jovens e velhos jun-tos (em sua maioria) e ajudando-se mutuamente no que pode ser um ambiente hostil. Mas, todos sobrevivem e são, individualmente, sem títulos ou nomes. É um tipo real de anarquia e quando as coisas precisam ser feitas ou algo precisa ser dito — acontece... Isso é Punk :).

Por isso, não tem zines por aqui. Eu escrevo muito e estou pensando em maneiras de colo-car várias idéias em um zine e realmente gosto muito de ler aqueles que as pessoas nos enviam, além de manter contanto pela internet.

MARK: Não vejo um há décadas, tenho medo. Entretanto, tenho lido ultimamente alguns blogs europeus punk, falavam sobre o ataque cardíaco do Wattie [Buchan], estavam muito bons. Zines e, mais precisamente os blogs, hoje em dia são a espinha dorsal de qualquer subcultura.


9. Como vocês descreveriam a música que fazem?

MARK: Fudidamente boa, especialmente o baixo! Mas, falando sério: inteligente, bem es-crita, informativa e, espero que ainda seja relevante. O mundo ainda está mudando para pior, por isso o punk ainda é essencial!

NIKKI: Variada, diversificada, obscura. Embora eu pense que a única constante é na escuridão. A determinação de olhar para as coisas de um jeito que nem todos querem ver. Eu gosto muito de pensar sobre temas complicados, então coloco isso em minhas letras — para provocar mais pensamento... Como o disco Pawn, por exemplo. Vivemos em uma época em que não estamos mais autorizados a usar palavras como "puta" ou "vadia". Onde espera-se que concordemos que é uma coisa "maravilhosa" as mulheres ocuparem cargos de poder sobre nós, ao lado de homens — NÃO! Foda-se — o que é tão incrível nisso? Feministas Autoritárias e líderes não são "melhores" só porque são mulheres. Que se foda

esse pensamento. Uma mulher que escolhe viver como dançarina não é menos digna do que uma ativista política. Ideias que dizem que há um jeito certo para se ser mulher ou uma feminista deveriam ser questionadas — se quisermos "crescer" enquanto humanidade. Não acredito que iremos alcançar isso enquanto continuarmos a se fazer de "vítimas" e "monstros".

AL: Desconfortável — não foram pensadas para serem "agradáveis", e as letras contam sobre como são as coisas. Não tentamos ser impopulares, mas parece que é esse o resulta-do! Não me importo com isso, faço o que quero fazer e isso me satisfaz. Não tenho do que reclamar, se eu quisesse tocar sons pop, faria ao invés disso que faço.


10. O que vocês pensam sobre a Copa do Mundo e sobre bandas que falam/tocam temas sobre futebol em suas músicas?

MARK: Copa do mundo = Pessoas ricas ficando mais ricas, pessoas pobres ficando mais pobres. Infelizmente, mais uma triste reflexão sobre a humanidade. O futebol mundial é uma piada!

NIKKI: Os grandes eventos mundiais esportivos são extremamente gananciosos. Então, são utilizados para nos vender porcarias que não queremos e não precisamos... enquanto a vida de pessoas reais é arrasada para abrir caminho ao circo. Os fãs do esporte apenas consomem o que a mídia mostra, sem muita reflexão. O esporte é um GRANDE negócio. O que aconteceu no Brasil foi horrível, enquanto o marketing oficial agitava o calor, roupas curtas, cerveja e salgadinhos... num mundo onde existe a mídia social, você não pode se esconder atrás da ignorância como desculpa. Não estou dizendo para não curtir ou amar seu esporte/futebol/time — Estou dizendo que a vida das pessoas não deveria piorar ou ser sacrificada para o seu entretenimento.

AL: Todos nós temos nossos interesses e paixões, todos temos nossa bagagem de experiências — e, as vezes, entra em contradição. A realidade é que o governo brasileiro destruiu lares — não os fãs do futebol. Foi tudo por dinheiro, não pelo esporte. Futebol foi um meio, não o fim. Pessoas ficaram desabrigadas por dinheiro, dinheiro e mais dinheiro — nada mais. Isso foi horrível; cantar músicas — qualquer som — não é o problema.


11. Vocês já tocaram no Rebellion [Punk Music] Festival? Se sim, quando?

MARK: Ainda não!

AL: Não, mas eu gostaria de participar alguma hora.

NIKKI: Não, nunca toquei no Rebellion Festival — isso seria algo para se pensar. :)

12) Qual fase vocês sugerem Internal Autonomy ou Ferox para um fã que está começando agora a ouvir os sons da banda?

MARK: Só posso responder pelo Feroxide, e é bem simples — ouça tudo!

NIKKI: Não faço a menor ideia — eu realmente não sei — são tão diferentes. Se você esti-ver na atmosfera dos anos 80 anarco pós punk, talvez a discografia [do IA]. Tem um gosto de tudo que existia naquela época e um pouco de cada músico e vocalista. A minha favori-ta, sempre foi a nossa quarta fita demo. Mas, também tenho muito orgulho do nosso últi-

mo disco Ferox com o Internal Autonomy. E, sobre tudo, o novo trabalho Ferox/Feroxide, fi-quei muito feliz com o disco Pawn terminado, não faltou uma faixa nele. Mas, os sons não são todos iguais — pertencem um ao outro, como uma caixa de chocolates com diferentes sabores, alguns pretos, outros brancos :) Por que não vir para a música com a mente aberta e ver o que acontece? Se gostar, ótimo. Se não, sem problemas, vá e ouça algo que você realmente curte. Mas, não fique reclamando... Ha! [Yawn!] Eu não entendo os críticos de arte, cujo maior prazer auditivo é o de destruir seus companheiros. A vida é muito curta para ouvir músicas que você não gosta. :D

AL: Isso depende do que esse "alguém" quer escutar. Se eu tivesse que escolher um disco seria o Pawn, é um bom começo, penso eu... Eu acho... Enfim, é só ouvir, certo?


13. Para terminar, contem algo que vocês gostariam de dizer e nós não perguntamos.

AL: Muito obrigado pela entrevista, eu realmente gostei — desculpe se algumas respostas foram um pouco longas — vocês não deveriam ter feito perguntas tão boas :) Brazillian Rules Punks! (de forma totalmente não autoritária :D).

NIKKI: O nosso próximo lançamento será a distribuição gratuita de uma fita gravada com o Ache of ages chamada “Element Tree”, isso porque Tristan nos chamou e enviou um mate-rial que nós achamos interessante e que merecia atenção... Então, entramos com nossas ideias e gravamos o nosso lado. Vou lançar assim que conseguir o dinheiro para a manufatura. Não haverá uma super festa ou fogos de artifício. Apenas o download gratuito e in-tegral do álbum ou uma cópia limitada da fita. Qualquer um que quiser comprar uma có-pia poderá falar diretamente conosco via Bandcamp ou por mensagem no Facebook, em nossa página FEROXIDE.

[LINK: https://www.facebook.com/pages/Feroxide/439724236114938].

O mesmo vale para todo o nosso trabalho... O dinheiro arrecadado vai para o próximo projeto ou para imprimir capas. É realmente "feito por nós".

MARK: P: : "Por que eu ainda continuo fazendo isso aos 50 anos de idade?".

R: Música é a melhor coisa que a vida pode oferecer!

http://ferox1.bandcamp.com/

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Top 10 - Eduardo Abreu ( 100 Tribos - Rock Press - blog Caixa Preta )

Como levar a sério uma lista de discos top 10 em que não aparecem “London Calling”, do Clash, ou “Ace of Spades”, do Motörhead? Como acreditar que seria possível passar o resto da vida numa ilha deserta sem a companhia de “Excitable Boy”, do mestre Warren Zevon, ou a obra-prima “Harvest”, de Neil Young? E que tal pensar que você ficaria privado para todo o sempre de exorcizar seus demônios com “Reign in Blood”, do Slayer, porque o autor desse top 10 teve a pachorra de deixá-lo de fora?
Mas fazer listas é isso: excluir centenas de discos obrigatórios em detrimento de uns poucos que, em determinado instante do tempo, ocupam um lugar especial no seu imaginário.
A eles.
Texto por: Eduado Abreu




Dick Dale – “Better Shred Than Dead” (1959–1996)

O rei da surf guitar faz parte de uma especial geração de transgressores. Se Link Wray inaugurou a distorção, foi Dale quem adaptou para a guitarra elétrica um certo tipo de palhetada antes comum apenas a outros instrumentos de corda. Sem querer, gerou a semente para o surgimento dos gêneros mais selvagens do rock’n’roll. O auto-proclamado rei da surf guitar contribuiu também para o desenvolvimento de guitarras e amplificadores, desafiando Leo Fender a criar equipamentos capazes de dar conta de sua ferocidade sonora. Como é do tempo dos singles, a obra de Dick Dale não pode ser resumida em um disco de carreira. A melhor maneira de compreendê-lo é através da antologia “Better Shred Than Dead”, um CD duplo que compreende 40 anos de subestimada carreira.



The Stooges – “Funhouse” (1970)

Não é exagero dizer que com seu disco epônimo lançado em 1969, Iggy e os Stooges acabaram com o que restava de inocência no rock’n’roll. Mas foi apenas em “Funhouse” que a violência sonora dos padrinhos do punk foi devidamente captada em estúdio. O álbum prenunciou a distopia setentista e o sequestro do rock por junkies e marginais, traduzido a desorientação da época. A primeira parte de “Funhouse” traz algumas das canções mais icônicas dos patetas de Detroit (“TV Eye”, “Down on the Street”) e a segunda, temas sujos, arrastados e distorcidos, acrescidos do sax de Steve MacKay, e que soam como free jazz tocado por punks. Nada mais seria como antes.


Black Sabbath – “Vol. 4” (1972)

A maioria do público idolatra os primeiros três discos do Sabbath, mas a grande trilogia da banda é aquela formada por “Vol. 4”, “Sabbath Bloody Sabbath” e “Sabotage” (dos três, “Vol. 4” é o mais impressionante). O álbum foi gravado em uma mansão de Los Angeles com os quatro integrantes cheirando pó enlouquecidamente e na companhia de groupies, penetras e traficantes. O resultado é um disco inspiradíssimo e que traz o riff de guitarra mais absurdo gravado pelo mestre Tony Iommi: “Supernaut”.


Frank Zappa – One Size Fits All (1975)

As bandas de apoio de Zappa tiveram inúmeras encarnações e sua obra é fundada em uma discografia complexa e que abrange de doo-wop a jazz eletrônico, passando por obras conceituais debochadas (como “Thing Fish”) e peças orquestrais. A tarefa de selecionar um único álbum de artista tão idiossincrático é árdua, mas “One Size Fits All”, nono disco de Zappa com os Mothers of Invention, é um de seus momentos mais iluminados. Da abertura apoteótica com “Inca Roads” até a antológica “Andy”, o álbum tem todos os principais atributos zappianos: exuberância técnica, senso de humor e afiado sentido de composição.


Misfits – “Static Age” (1978)

Grande parte dos singles clássicos do Misfits são oriundos de uma mesma sessão de gravação de 1978. Esse material foi reunido pela primeira vez em um álbum somente em 1996 –após a resolução da guerra judicial entre Glenn Danzig e Jerry Only- sob o título “Static Age”. Quase tudo que você precisa ouvir do Misfits está aqui e com aquela gravação deliciosamente tosca que agrega um charme especial às canções. A imersão da banda na estética de filmes B e no submundo de Hollywood nunca funcionou tão bem. Um clássico do punk rock.


ZZ Top – “Eliminator” (1982)

A pequena e velha banda do Texas já era um dos atos mais bem sucedidos do blues rock americano quando gravou “Eliminator”, em 1982. Alguns de seus trabalhos anteriores, como o excelente “Degüello”, davam pistas que Gibbons, Hill e Beard tinham recursos para reinventar seu som poeirento e estradeiro. Mas em “Eliminator”, tudo, absolutamente tudo, funcionou à perfeição. As canções são irresistíveis e a execução é infernal, com Gibbons entregando alguns de seus melhores riffs e solos. Os clipes icônicos para faixas como “Legs” e “Gimme All Your Lovin’” impulsionaram o ZZ Top ao imaginário popular e resultaram em vendas multiplatinadas para o disco.


Tom Petty & the Heartbreakers – “Full Moon Fever” (1989)

Obra-prima da música pop baseada numa safra de canções tão suculenta que deixa o álbum parecido com uma coletânea de sucessos. Mas “Full Moon Fever” é um disco de carreira de Petty e seus Heartbreakers, gravado na esteira de sua colaboração com o supergrupo Travelling Willburys -- George Harrison e Roy Orbinson participam com vocais de apoio e Jeff Lyne toca baixo e produz. “Free Fallin’”, “I Won’t Back Down”, “Love is a Long Road”, “Runnin’ Down a Dream”: a lista de composições exuberantes impressiona, assim como o trabalho de guitarra do grande Mike Campbell. Disco de cabeceira de quem tem algum juízo.


Social Distortion – Somewhere Between Heaven and Hell (1992)

A cultura low rider, o revisionismo da estética dos filmes de gângsteres e de pin-ups, as tatuagens e os rebeldes sem causa. Mike Ness tomou todos esses temas para si, escreveu belíssimas canções sobre eles e transformou-se em um tipo de trovador com espírito punk. O repertório do Social Distortion encontrou o equilíbrio perfeito em “Somewhere Between Heaven and Hell”, com sua produção impecável e um passeio de caranga envenenada por blues, rock’n’roll e Americana.


Fugazi – “In on the Kill Taker” (1993)

Surgido das cinzas de Minor Threat e Rites of Spring, o Fugazi pegou tudo que se conhecia sobre punk rock e hardcore e virou do avesso. A revista inglesa de metal Kerrang! certa vez descreveu a música da banda como post-hardcore e talvez seja o melhor rótulo para descrever o Fugazi. O grupo atingiu seu ápice em “In on the Kill Taker”, de 1993 - um êxtase de tramas instrumentais complexas e viscerais e com o inconfundível contraste entre as vozes de MacKaye e Picciotto. O repertório desse disco foi defendido ao vivo em performances arrebatoras por uma banda que deixava as tripas no palco.


Monster Magnet – Dopes to Infinity (1995)

Dave Wyndorf é um dos grandes artistas do rock dos últimos 30 anos e dono de uma de suas mais belas vozes. O líder do Magnet também conhece como poucos a cena de bandas de garagem dos anos 60, o hard rock, a psicodelia e o space rock dos 70’s. É um ourives da boa cultura pop. E foi reprocessando essas referências com uma quadrilha de grandes músicos que Wyndorf cunhou álbuns como “Powertrip”, “God Says No” e “Monolithic Baby!”. Em “Dopes to Infinity”, de 1995, há quase tudo do melhor que o Monster Magnet sabe fazer: temas instrumentais apocalípticos, baladas lisérgicas, flertes com o proto-punk à la Stooges/MC5 e hard/stoner pesadíssimo. Se existirem bordeis em Marte, é essa a música que eles tocam.


http://caixapretaprp.blogspot.com.br/

http://www.portalrockpress.com.br/index.php

domingo, 16 de novembro de 2014

The Downward Path - Entrevista



Downward Path é uma banda criada em 1995, o nome foi inspirado de um filme erótico de 1914. Ricardo Santos é quase um "one man band", teclados, vocais, guitarras, produção e tudo o mais.
Entre várias bandas e projetos, ele já produziu muitas bandas do underground paulista e coletãneas. Entre vários trabalhos, o volume mais recente da coletânea De Profudis (post punk compilation)
Na sequência um papo com Ricardo Santos que toca no "Wave Summer festival 2015" com a banda Klaustrophobik.
Por: Renato Andrade





1)Ricardo tudo bem? Vou começar com a pergunta bem clichê mas que sempre ajuda:
Como aconteceu o seu interesse pela música e quais foram as primeiras bandas e etc?

Ricardo: eu quando criança (lá nos anos 80) ficava muio tempo sozinho, então ouvia muito
radio... e aliado a isso tenho tres tios que eram "boêmios" e saiam de carro com um violão velho e paravam de bar em bar para tocar e beber e me levaram algumas vezes e isso marcou muito a minha infncia/começo de adolescência. era grandioso na minha visão da época que 3 caipiras com um violão fossem tão bem acolhidos onde paravam e começavam a tocar beatles, U2, legião urbana e todos aqueles clichês de pop rock que hoje soam inexpressivos para a grande massa "underground"

2)Qual a sua opinião sobre: synths, eletrônica e a tecnologia no Rock? E aqueles comentários de alguns digamos 'radicais" que defendem "a Santa trindade do Rock"
Resumindo: Você usa a tecnologia e instrumentos convencionais sem nenhum problema?

Ricardo: sou extremamente suspeito para falar de tecnologia no rock já que eu apesar de ter começado a tocar com instrumentos comuns em uma questão de meses eu adotei o uso do computador e em 1995 eu já compunha sem a necessidade de uma orquestra, o que possibilitou chegar onde eu estou hoje no que diz respeito à tecnologia de criação. E a coisa do radicalismo por parte dos puristas é curiosa... um dos power trio mais famosos do mundo é o rush e eles nos anos 80 abraçaram os synths e fizeram discos fodásticos. Os Doors nos anos 60 ja tocavam sem baixista, uma vez que Ray Manzarek fazia as partes do baixo no teclado, um dos pilares do radicalismo nacional é o Sarcofago e eles adotaram as drum machine nos anos 90 para poder realizar o que segundo eles nenhum humano conseguiria. é uma realidade que não vai desaparecer: qualquer um hoje usa a tecnologia para compor e gravar. Qualquer celular tem aplicativos que possibilitam a criação de música. se presta? certamente tem artistas que fazem boa musica com um par de colheres ou com um supercomputador, tudo depende de quem opera o instrumento. Eu hoje em dia tenho em meu pequeno estúdio equipamento para compor e gravar tudo sem sequer ligar o computador, se estiver na rua posso usar um tablet ou o celular para anotar ideias, mas seria estupidez não aproveitar o melhor do que cada meio oferece. nas gravações recentes do Downward Path eu tenho usado apenas a bateria sequenciada com o computador e usado timbres dos módulos que possuo e gravado o resto "na unha", mas planejo gravar algumas faixas em fitas de rolo e cortados em vinil para sair em um box com o lançamento do CD que esta sendo produzido para sair em março próximo;

3) Alem de suas outras bandas e projetos, The Downward Path seria a sua banda principal? Conte sobre o novo line up e as novidades do D.P.

Ricardo: Costumo brincar que eu sou o Downward Path. Eu amo meu trabalho com o In Auroram, exorciso demonios no EXCISIO, me divirto pra caralho com o H.A.R.R.Y. and the Addict, me delicio com a sonoridade do Clube ad Miragem, quebro tudo com o Klaustrophobik, mas no Downward Path eu tenho tudo isso.
A formação atual (e espero que permanente) é a Bruna no vocal e eu com o vocal e todo o resto hehe

4) Sei que você sempre trabalhou na produção e divulgação de bandas o que tem feito e o que está a caminho?

Ricardo: Eu ainda tenho meu site (esta em standby, mas o endereço desde 1997 é ww.dark.art.br), mas ando meio alheio ao trabalho com a divulgação de bandas. Infelizmente a coisa da internert tem criado um distanciamento entre os músicos da cena (assim como de outras creio eu), e tem sido cada vez mais por conta própria. nisso os Zineiros tem se tornado cada vez mais um tipo dispensáveis de profissional. Quanto à produção, eu curto muito mas ultimamente faço mais consultoria (quem se interessar em ter sua banda recebendo pitacos meus é só gritar!) do que produção propriamente dita, já que eu moro longe de tudo e todos.
E o que esta a caminho é o primeiro CD oficial do Downward Path (13 anos depois da primeira demo) a ser lançado pela Wave Records


5) Gosta de rótulos? Concorda que as vezes a midia e algumas pessoas distorcem tudo? ex: Tudo é Rock, mas "Burzum e Yes" são grupos de Rock, mas Bem diferentes......Como define o seu trabalho?

R: Rotulos são como camisetas de banda (que todo mundo diz que usa apenas para elas, mas serve para criar uma identidade de grupo e lubrificar relações e facilitar o encontro de pessoas com gostos similares). funciona? certamente. mas muita gente prefere não usar porque cria limites que nem sempre são bem vindos.
Usando um dos exemplos citados, você pega o album Hvis Lyset Tar Oss do Burzum que é um album típico de black metal e compara com o album Hliðskjálf que se colocado entre discos do Jean Michel Jarre ou Vangelis passaria batido, como pode-se rotular a banda?
Meu trabalho é mais ou menos como isso. eu apesar de tentar manter um caminho linear de produção, ainda é dificil traçar um paralelo entre Apart e These Days Are Gone Away por exemplo (ainda porque eu fiz o caminho reverso tendo começado com uma sonoridade mais sintética e tenho caminhado em rumo à humanização, que é a contramão da maioria das bandas que mudam de sonoridade)

6) Como você faz as suas músicas?, ainda no estilo "tudo começa no violão", ou teclados e computador?
Uma música como "Need" por exemplo foi feita em um violão? (rsrs)

R: Sim, sim, Need foi feita no violão!
eu ainda uso muito o violão pela praticidade (sempre tenho um ao lado da cama), mas troquei o uso do computador pelo tablet, para poder compor sem sair da cama hehe

7) Lembro que uma vez você apareceu com uma gaita de foles na loja Ferro Velho, como andam as suas pesquisas musicais? Você vai virar um "One man band"??

R: Eu tenho verdadeira paixão por coisas que fazem barulho e sempre que tenho a oportunidade pego algum instrumento diferente nem que seja para experimentar (como foi o caso da gaita de foles). atualmente eu tenho me divertido com uma Viola Caipira (usei-a na gravação de vidas secas que esta dísponivel no soundcloud) e tenho construido alguns geradores de ruido/osciladores para as minhas experimentações.
Quanto a me tornar um "one man band", eu ja abracei a causa a anos com o "Lifetime of Trials", "Von Richthofen' e até mesmo o "Downward Path" em alguns períodos

8) E sobre Cena e bandas undergrounds, o que existe de bom hoje? E o que te incomoda? O que acha desta nova midia e alguns lugares, eventos etc (virtual e física) da para
confiar? ou é tudo uma máfia de amigos?

R: Eu não sei bem o que acontece no underground hoje em dia.. eu não saio de casa a não ser para tocar, então não tenho parametros para falar a respeito. sempre que descubro alguma banda nova acabo descobrindo a seguir que só é nova para mim (e isso não é de hoje, porque eu me achei um genio quando compus melissa e dias depois alguem me contou sobre uma meia dúzia de bandas que ja fazia música com aquela sonoridade).
A internet como meio de propagação é linda! mas tira muito do romantismo de colecionar. eu tinha um orgulho tremendo da minha coleção de discos, fitas, videostextos, posteres, camisetas e tudo o que eu conseguia garimpando sobre as bandas que eu me interessava. hoje em dia com alguns cliques em uma página da internet e algumas horas de download eu tenho discografia completa, biografia atualizada minuto a minuto, e-mail pessoal de cada um dos membros da banda. em termos comparativos é como a vida real e o filme "Weird Science". não existe mais o prazer da conquista, o desafio da possibilidade da derrota. vem facil, vai facil.


9) Qual foi o melhor som que tocou e qual a maior roubada que teve de passar?

R: Acho que o show mais tecnicamente perfeito foi o do In Auroram no SESC Vila Mariana em 2009, mas se for quantificar qual o melhor em termos de diversão (ou a maior roubada) eu não sei quantificar. todo evento tem seus pontos positivos e negativos...

10) Como é o lance do Clube da Miragem? Ainda toca com eles?

R: O CDM é uma jam do Nick Cave e Blixa Bargeld com Cartola e Adoniran Barbosa (sim,
tocamos samba. sim, nós misturamos com pos punk. não, nós não temos vergonha disso). Sim, eu ainda faço parte do bonde dos malditos hehe


11) Na sua música você facilmente vai de um Slayer passando por Anti Nowhere League e Death in June. Creio que o radicalismo vem de algumas pessoas que acham heresia ouvir punk rock, EBM e darkwave, o que tem a dizer sobre?

R: Na abertura dos shows do Canibal Corpse nos anos 90 tocavam Dead Can Dance, na Australia, uma banda de black metal canadense chamada niflheim abre os shows do death in june, o darkthrone gravou um cover da Siouxsie and the banshees, Carpathian forest gravou um cover do cure, poupee fabrikk gravou um cover do bow wow wow, ryan adams gravou um cover do iron maiden, vader gravou covers do Depeche mode e do das ich, o Apoptygma berzerk remixou o Satyricon alem de ser amigos dos caras, das ich remixou Morbid angel, Anti nowhere league gravou covers da Cher e do Ralph mctell, Pistols gravaram Sinatra, Madonna homenageia Dimebag darrel em seus shows... e a lista vai longe. porque eu (ou qualquer outra pessoa) deveria se ater à mentalidade pequena de radicais anonimos que ouvem pagodinho escondido atrás de seus monitores e pagam de troo na balada?

12) Algumas citações e palavras, fale o que quiser:

I) filmes XXX ou filmes hard core movies?

Ricardo: XXX sempre.

II)Grind, crust e D-beat?

R: D-Beat

III) Punk rock americano ou europeu?

R: Europa, the gates of hell!

IV)Downward Path

R: Declinio perpétuo do nascer até o túmulo.

V) Música e política

R: Adoro crass, skrewdriver e public enemy com a mesma intensidade.

VI) Death in June fascista???
Crisis Anarquista !!!

R: É tudo uma cambada de nazi safado chupador de pau branco e não circuncidado..

VII) Harry (a banda)

R: Do caos à raw demo

VIII)Folk apocaliptico

R: Swastikas for noddy!

IX) Ebm old school e new ebm?

R: New ebm? achei que isso fosse trance

X) Wave Summer festival 2015

R: Klaustrofóbicos do mundo, uni-vos!

13) Pretende lançar algum CD, EP, LP ou K7? O que acha deste novo formato e mercado da música?
R; Se tudo correr bem em Março nas melhores lojas do ramo, CD. e edições limitadas em k7 e vinil.

14) Onde encontramos material do Downward Path e suas outras bandas?
R: Soundcloud.com/rss1334, www.myspace.com/ e www.lastfm.com,



15) Para terminar pode falar mal de tudo e todos e dar sua mensagem...

Ricardo: Lema da casa: se não tiver nada de bom para dizer, calo-me: " If the kids are united then we'll never be divided!"



segunda-feira, 10 de novembro de 2014

FM359 - Entre as grandes revelações de 2014 !


O disco do FM359 - Truth, Love & Liberty - com certeza consta entre os melhores lançamentos de 2014 !

Um projeto muito interessante, envolvendo músicos famosos da cena punk rock de Boston: Mike McColgan e Johnny Rioux ambos dos Street Dogs e Rick Barton, ex- Dropkick Murphys / Continental.

A música deles alterna com extrema competência e bom gosto o Folk, Americana e Country Music.

Vale muito a pena conferir o trabalho deles !




segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Entrevista: Poemas de Maio

Poemas de Maio surgiu no ano de 2010 com Henrique Iasi Pilch e Gabriela Iasi Pilch.

Os dois já participavam da banda Persephone Eyes mas sentiam a necessidade de fazer um som mais dançante e desprendido da “pegada” apenas pós-punk/gótica.

Podendo trabalhar o som com baterias e efeitos, guitarras e vocais mais “soltos”, começaram a criar em cima de idéias que o Henrique já havia composto anos antes, apenas um esqueleto de vontades que ainda não se encaixavam...

A formação completa atual da banda é: César na bateria, Ricardo na guitarra, henrique no baixo, becking vocal e bases e Gabriela no vocal e composição das letras.

O primeiro CD com o título: “Falling” foi lançado com o selo Schatten Projeckt em setembro de 2012 e um novo cd está sendo produzido com lançamento previsto para começo de 2015.

A seguir confiram a entrevista com a vocalista e artista plástica Gabi Iasi.

Por: Renato Andrade.





1-Oi Gabi! Vou começar a entrevista perguntando algo que pode soar meio clichê, mas a intenção é frisar mesmo: Como encaram o lance da música autoral? Matar um leão por dia? Ou.....

Sempre encaramos esse lance de musica autoral com muito pé no chão, sabemos de todas as dificuldades, e por isso mesmo nunca despejamos expectativas em excesso em nosso projeto. O que sempre nos motivou foi fazer musica, e conseguir de alguma forma atingir quem está escutando nossos sons. Desde o inicio sempre tivemos consciência de que se quiséssemos alguma coisa, teria que ser feito por nós mesmo, desde a gravação de um cd, até arranjar um local para tocar, por tanto os contra tempos não são uma surpresa ou um incomodo, e se estamos de pé até hoje é porque a vontade de fazer musica é maior que tudo isso .

2-E sobre manter uma formação fixa na banda, conte as novidades e como rolou a entrada do novo guitarristas?

Tivemos muita sorte em relação à formação, nós quatro somos acima de tudo amigos, e isso facilita muito as coisas, leva nossa relação para um nível muito mais sólido e duradouro, além das questões que envolvem a banda sempre buscamos ouvir, dialogar e na medida do possível ajudar uns aos outros, e o melhor de tudo é que essa essência se manteve com a entrada do Ricardo (guitarrista), que se encaixou perfeitamente ao grupo, tanto em questões pessoais quanto musicalmente, já que ele trouxe uma nova estética para nosso som, na qual estamos gostando muito, desde janeiro estamos tocando juntos e conseguimos criar um material novo bem diferente e interessante, sua colaboração para banda é tão importante que hoje é impossível imaginar o Poemas de Maio sem ele.

3- Como é para você Gabi assumir o papel de vocalista em um ambiente em que a maioria das bandas possui vocal masculino?

É um grande desafio, pois é uma quebra de paradigma, geralmente o vocal feminino sempre atua juntamente com o vocal masculino ou se limita ao backing vocal, mas ter uma banda guiada totalmente por um vocal feminino sempre foi uma das características principais que buscávamos para o Poemas de Maio, e hoje graças a essa característica conseguimos encontrar o elo de ligação entre melodia, voz e letra.



4-Além das músicas próprias, vocês pensam em trabalhar com alguma versão de outras bandas em suas apresentações, como a Reptile?

Sim, sempre buscamos em nossas apresentações tocar uma ou duas composições de outras bandas, sempre escolhemos a musica de acordo com o publico que está presente, procuramos ser ecléticos em nossas escolhas, tocando desde REM, Joy Division até Killing Joke. E na medida do possível buscamos uma roupagem diferente para as musicas, pois nos permite trazer algo de novo para as pessoas que estão em nosso show

5-Gostaria que você explicasse porque escolheram esse nome para a banda?

A principio uma banda que possui composições em inglês ter um nome em português pode soar antagônico, mas a nossa idéia é justamente o oposto, queremos sempre frisar que apesar das nossas influencias musicais serem européias, americanas e principalmente britânicas, somos uma banda brasileira e nos orgulhamos disso, ao contrario de algumas banda do under ground, que procuram passar uma imagem “gringa”, nós nos vestimos e agimos como brasileiros. E em relação ao nome Poemas de Maio, a parte do “Poemas” é bem fácil de explicar, o motivo principal da banda existir é justamente musicar poemas, tornando-os ritmados e dançantes. Em relação a escolha do “Maio” para compor o nome, é para fazer uma referencia ao Post-Punk, pois, apesar de não sermos uma banda de Post-Punk, ele nos unem através de um gosto musical em comum, e Maio é o principal mês desse gênero, uma vez que é o mês de aniversário da Siouxie (Siouxie and the Banishes), do Morrisey (The Smiths) e aniversário de morte do Ian Curtis (Joy Division).


6-E qual foi a pior roubada e o melhor acontecimento do poemas?

Tantos anos na estrada ja nos proporcionaram algumas roubadas, uma vez fomos tocar e na volta quase fomos assaltados, só que para a infelicidade do assaltante um de nossos amigos era um policial e nada aconteceu, teve outra ocasião em que na hora de montar os equipamentos, a organizadora do evento nos informou a voltagem errada (ela nos informou que o local era 110 volts mas na verdade era 220volts), quase tivemos um prejuízo daquele, e teve várias outras histórias de comidas estragadas e quase todos passarem mal na hora do show, uma vez pegamos uma estrada errada e demoramos quase três horas a mais para chegar no evento, e muitas outras roubadas, mas essas roubadas dão um toque especial para a história da banda. Em relação aos acontecimentos bons, não teve um melhor, que se destacou, pois são pequenos fatos isolados que nos agradam, desde quando alguém curtiu nosso show, nosso cd, posta uma musica nossa em uma rede social, ou quando conseguimos agradar um publico totalmente novo.

7-Falando em "roubadas" do underground, isto sempre vai existir infelizmente. Somos todos masoquistas mesmo? o que motiva vcs a nadarem contra o tsunami?

Não creio que somos masoquistas, talvez só um pouquinho pirados, a musica nos proporciona tantas coisas legais, como risadas, um ambiente bacana, poder mostrar nossas composições, se divertir, as vezes viajar para tocar, então com certeza o nosso saldo do underground é extremamente positivo.


8-Creio que não dá para viver de música neste país, qual é a sua ocupação, hobbie, etc...

Para o nosso gênero musical, realmente é complicado viver de música, pois não é atualmente um gênero popular, por isso mesmo cada um de nós possui uma ocupação que nos garante o suporte financeiro para pagarmos nossas contas e até mesmo para continuar com a música, que exige investimento. E além de nossa banda e trabalho, cada um possui seus hobbies e interesses particulares, mas as vezes saímos todos juntos para descontrair um pouco e dar risada

9-O Poemas de Maio está no line-up do Festival Woodgoghic 2015, quantas vezes tocaram e qual são as expectativas para o Wood?

Estamos muito contentes de voltar ao Wood 2015, é a segunda vez que tocamos nesse evento com o Poemas (2013 e 2015), e também tocamos na edição de 2011 com um outro projeto que não existe mais. As nossas expectativas são as melhores possíveis, para mostrar nosso trabalho, tanto para o publico nacional quanto o internacional, conhecer outras bandas e vivenciar novas experiências sonoras, que com certeza agregaram para nossos trabalhos futuros, sem falar que o local, São Tomé das Letras, é fantástico e sem dúvida nenhuma será um evento muito prazeroso em diversos aspectos.

10-Tenho notado que a cena underground está muito fraca, o que pensa sorbre isto? E também sobre bandas que dividem o palco e o público age como uma "panela' ou seja, fechados/apáticos,... Assistem a sua banda predileta e vão embora... O underground ainda tem salvação????

Para todos que vivem no underground, sabe se que existe uma tênue linha entre mostrar o seu trabalho de forma correta e se super valorizar, e infelizmente algumas bandas e organizadores acabam ficando com o ego inflado e sem duvida nenhuma essa forma de agir e pensar gera um repelente natural de seguidores, talvez se o underground fosse tratado de forma mais simplória e direta, seria muito mais cativante, uma vez que essa é sua essência. Com relação as panelas, essa não é uma questão do underground mas sim da sociedade atual, todos querem consumir muito rápido, ou seja, chegam no local, esperam sua banda favorita e vão embora, grande parte não consegue quebrar o paradigma e buscar algo novo, infelizmente o “fast food musical” também está no underground.


11-E sobre gravações? Algum CD ou LP a caminho?

Estamos trabalhando duro em um novo cd, que terá a principio dez faixas, pretendemos lançá-lo esse ano, e será um trabalho diferente de tudo que já fizemos, com novas experimentações sonoras, novos timbres, novos métodos de gravação, enfim, logo mais teremos boas novidades.

12-Como você canta em inglês, fica mais fácil para divulgar na gringa. No geral como fazem a divulgação da banda?

Cantar em inglês com certeza facilita o processo de aceitação, já que é um idioma universal, porém esse fator gera um contra ponto, pois é necessário ter uma atenção especial a parte gramatical e pronuncia, para evitar que uma musica seja desvalorizado por um erro de idioma. Com relação a nossa divulgação, focamos principalmente no cenário virtual, com redes sociais, soundcloud, youtube, site, entre outros, já que a abrangência é muito maior e esse é o perfil de consumo do nosso publico.

13-Já pensaram em uma tour internacional?

Temos essa vontade, no momento nos faltam recursos, mas acreditamos que um dia iremos fazer uma tour internacional, no momento estamos trabalhando duro para buscar um trabalho de qualidade, podendo assim despertar o interesse de alguém la fora, ai o restante do processo virá naturalmente.


14-Rotular uma banda é muito difícil, como você descreveria a música que fazem?

Nossas influencias são diversas, desde o metal, até a musica alternativa, passando por gêneros como o Punk e o Jazz, todo esse bolo sonoro resultou no tipo de musica que fazemos hoje, e para ser bem honesto, não conseguimos rotular nosso som de forma precisa, preferimos chamar genericamente de rock alternativo, devido a abrangência do gênero e pela diversidade de locais que tocamos, desde uma balada dark até uma virada cultural.

15-Bem esta última você pode falar o que quiser..

Renato, gostaríamos de agradecer o espaço que nos foi aberto no Alternar Zine que tem um trabalho tão bacana, nos permitindo contar um pouco da nossa história, e também agradecer a todos os leitores que estão vendo essa entrevista, caso queiram conhecer um pouco mais de nosso trabalho basta nos procurar no Facebook, SoundCLoud e Youtube. Obrigado a todos

poemasdemaio@hotmail.com
poemas.demaio@facebook.com
facebook.com/poemasdemaio.br
soundcloud.com/poemas-de-maio



https://www.youtube.com/watch?v=QiWT2EfApwc&feature=youtu.be



quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Entrevista: The Negative Visions





"THE NEGATIVE VISIONS começou em meados de 1999 por Andre TNV, na verdade mais um "one man band" do que uma banda com uma formação fixa. Alguns músicos e colaboradores/amigos participaram e participam de gravações e shows, embora neste estilo de música eletrônica o line up é na maioria dos casos um duo ou uma única pessoa. Ao vivo o TNV acrescenta um guitarrista na maioria das vezes. A seguir um bate papo com André que conta o ínicio os novos lançamentos e sobre tocar no festival Woodgothic de 2015.

Por: Renato Andrade.






1- André, gostaria que vc começasse falando do seu envolvimento com a música e o começo de carreira.


Bom, no início dos anos 90 meu irmão tocava baixo em uma banda de pós-punk em minha cidade natal no sul de Minas, mais precisamente Campos Gerais. Provável que minha inclinação pela música tenha nascido por ae. A banda se chamava DEAD’S FALL e acompanhei muitas vezes meu irmão indo aos ensaios nas tardes de verão que nunca mais deletarei de minha mente. Bons tempos aqueles onde pude acompanhar de perto a dificuldade de se adquirir uma simples fita cassete de bandas de que gostávamos muito e que eram difíceis de se ouvir na cena nacional e comum na Europa e que hoje em dia se perdeu este sentimento e se tornou tão vazio a busca por novas mídias. Os DEAD’S FALL se acabaram em meados de 96 e 97 onde me lembro bem e cada membro da banda seguiu seu sentido na vida, porém na música os primos Matheus Rabelo ( baterista do Dead’s Fall ) e Vitor Rabelo ( vocalista e guitarrista do Dead’s Fall ) ainda permanecem até hoje em seus projetos paralelos.

Meu irmão se formou nesta mesma época em Direito e seguiu carreira na advocacia e não mais tocou. Foi neste meado de tempo entre 1997 e 1998 em que a THE NEGATIVE VISIONS surgiu, talvez pela ausência e ou o vício de se tentar comunicar através do som e pelo simples fato de que se tornou uma Paixão a música para mim. Ouvia-se muito EBM, Industrial Rock e em particular MINISTRY e NIN e o TYPE O NEGATIVE se tornou minha grande referência musical assim como THE SISTERS OF MERCY, IGGY POP dentre vários outros e aqui no Brasil eu sempre ouvia muitas fitas cassetes emprestadas e gravadas de cd’s e ou Vinil dos amigos Matheus e Vitor Rabelo como Aghast View e o próprio SIMBOLO e o HARRY.


Na ausência talvez pelo fato de não mais existir os Dead’s Fall que tocavam sons que gostávamos em uma pequena cidade do interior e pelo simples fato de se preencher o vazio que ficou, surgiu-se a THE NEGATIVE VISIONS, o AUREAH ( do amigo Vitor Rabelo que também tocou em bandas paulistas como TEARS OF BLOOD e recentemente no DAS PROJEKT ) e o JAZIGO de ( Matheus Rabelo ). Vocês de São Paulo tiveram como pioneira talvez neste estilo bem no início a banda “Das Projekt Der Krummen Mauern” e nós tínhamos a nossa “DEAD’S FALL”. A “Das Projekt Der Krummen Mauern” se formou atualmente a “DAS PROJEKT” dando continuidade e a DEAD’S FALL nasceram 3 novas remanescentes, o AUREAH, o JAZIGO e a TNV. A “THE NEGATIVE VISIONS” foi um nome sugestivo à ideologia em crítica ao lado obscuro talvez da política e a Ordem mundial.


Com a idéia formada faltava apenas a execução de um sonho que foi se moldando ao passar dos anos. Comecei como um simples projeto eletrônico, foram muitos experimentos mas nada oficial até então. Participei do projeto AUREAH do amigo Vitor Rabelo em meados de 2000 e 2001 e que eu retornaria a participar novamente em 2006 e 2007 realizando shows em São Paulo nos teclados e em algumas percussões.



Assim, a THE NEGATIVE VISIONS foi se atualizando e me mudei para Santos em 2001 onde conheci um dos caras que já era um dos meus grandes ídolos, o Hansen ( da banda HARRY ) e foi na cidade de Santos/SP em que a THE NEGATIVE VISIONS começou de fato a se criar. Me lembro bem voltando do estágio em que fazia no banco Banespa na época onde comprei uma revista de carros e nela havia um cd com softwares e foi quando comecei a programar as baterias e os sons da NEGATIVE VISIONS e então a compor música Eletrônica e Industrial o que antes era limitado em um simples teclado que tinha no sul de minas. Foram vários experimentos gravados e algumas participações em coletâneas nacionais de músicas eletrônicas na época. Foram anos programando música Eletrônica e Industrial com a NEGATIVE VISIONS até que em 2011 comecei a incluir baixos e guitarras elétricas em minhas composições deixando o som um pouco mais INDUSTRIAL ROCK .

Foi assim que comecei a utilizar o nome TNV e deixar de lado o antigo, simples e amador projeto eletrônico THE NEGATIVE VISIONS e a começar a gravar o até então “debut Ep” SOME SECONDS com 09 faixas trabalhadas e produzidas por eu mesmo. Foi após este disco em que obtive alguns bons contatos de admiradores da TNV e começamos a trabalhar novos discos. Foi diante destas experiências em que consegui unir as batidas Industriais-Eletrônicas de softwares e DRUM MACHINES como a YAMAHA RX 5 e a ALESIS SR 16 que uso recentemente com os toques de melodias de teclados de minha época no AUREAH e a inclusão de guitarras e baixos nos novos sons da TNV.

2- O TNV não tem uma formação fixa? Seria mais um projeto individual? Ou você pensa em uma formação fixa?

Assim como no início a TNV até então um projeto em base eletrônica e tinha apenas eu como integrante, a idéia era algo assim semelhante a outros grandes nomes brasileiros no EBM nacional como AGHAST VIEW e O SIMBOLO grupos que eu gostava muito na época. Na música eletrônica você tem mais chance de produzir sozinho, porém quando comecei a introduzir instrumentos de cordas em meus sons senti a necessidade de mais músicos para a TNV e até mesmo eu quis deixar o som um pouco menos mecânico. Tentamos várias formações mas não obtive nenhuma formação fixa na banda até hoje. Foi nestas experiências em que eu senti a necessidade de aprender a tocar guitarra e estudar um pouco mais sobre Home Studio para não ficar dependente da boa vontade dos outros.

Assim como a NEGATIVE VISIONS desde seu começo teve o DO IT YOURSELF como via de regra, eu a fiz necessário e executei na TNV gravando e produzindo sozinho e eu o faço até hoje. Admito errar na qualidade de nossos sons até mesmo pois se trata de um som independente, underground. No entanto a cada dia estamos atualizando e melhorando cada vez mais na qualidade dos sons da TNV. Atualmente a TNV continua sendo apenas eu mesmo, porém mantenho ainda bons contatos com amigos de São Paulo que ainda participam em alguns arranjos da TNV mesmo que pela internet. Sempre penso em uma formação fixa mas sendo uma banda independente e pouco conhecida acho difícil alguém se interessar sem pensar na oportunidade de ganhar uma grana extra e ou de se auto promover e encher a cara de cerveja e ou se entupir de drogas.

As letras e arranjos que trabalho na TNV são como o pulso para o coração e faz parte do cotidiano onde incluo nelas o que estou passando e sentindo no momento e boa parte de minha vida tem se passado assim como um refrão de um acorde musical e isto é o que poucos reconhecem e não resgatam como essência fazendo da música um vazio em suas composições.

3- Como define o estilo e a música do TNV?

Como a TNV se iniciou em meados de 98 como um projeto experimental, eletrônico e industrial e após com a inclusão de cordas presumo a TNV como sendo atualmente como uma banda INDUSTRIAL ROCK um pouco menos mecânica sem perder a essência nas melodias dos teclados.

4- Recentemente você comentou que o TNV faria um novo trabalho com influências metalicas, ainda pensa em fazer algo assim?

Sim e Não, rs. Como falei anteriormente, boa parte de minha vida tem se passado assim como um refrão de um acorde musical e assim incluo em minhas composições. As vezes em alta , as vezes em baixa. Tenho muita coisa guardada da TNV que ainda não foi divulgado nem trabalhado aqui. São arranjos antigos e novos que com o tempo eu vou trabalhando e modificando dependendo do momento e assim se dá o resultado final em nossos sons.


5- Na minha opinião o single "Pulse" define o estilo do TNV o que pensa sobre isto??

O single e o ep PULSE inteiro foi um grande marco para a TNV. Foi o primeiro disco mesmo como uma banda de verdade. O primeiro da TNV com duas cabeças pensando e isto é e foi muito bom. Após o debut ep SOME SECONDS de 2011 eu conheci o guitarrista Eduardo Galezi e o baixista Neto que já tinham experiências em várias outras bandas paulistas na cena underground punk e metal. Fizemos alguns ensaios em estúdio com alguns singles do ep SOME SECONDS e após assim eu e o

Neto começamos a gravar o ep PULSE sendo o nosso segundo ep e o primeiro de mais outras sequências em 2013. Me lembro que foi difícil conseguir um guitarrista para as novas músicas da TNV e assim eu mesmo tive que as fazer . Foi um grande momento e nele apostamos todas as nossas cartas mas que não conseguimos em tão pouco tempo. Foi como uma tempestade em poucos segundos tudo se foi e voltou a ser como antes. E assim me sinto até hoje, pois trabalhamos todo o disco em cima de um sonho de fazer shows em SP e interior.

Tínhamos shows a serem marcados e chances de boas apresentações mas que quando o lançamos tive uma grande insatisfação. Nosso baixista Neto teve alguns problemas particulares bem após a finalização do disco PULSE, mesmo assim tentamos ainda após o disco PULSE alguns ensaios com o amigo CRIS REIS nas guitarras e que também tocamos juntos no AUREAH mas já não dava mais para o Neto na TNV e ele quis assim por motivos dele apenas. Porém foi e será sempre um grande disco da TNV e que eu agradeço muito a todos que me ajudaram e que em breve iremos colocá-lo em prática em nossas futuras apresentações ao vivo.


6- Como foi trabalhar com Rose Lisa? Como aconteceu esta participação?

Após o ep PULSE, eu já tinha começado a trabalhar o novo ep da TNV até então não intitulado como “MONOCHROME VISIONS”, nosso segundo ep na sequência em 2013. Com a saída de Neto da banda e pelas limitações em achar um novo guitarrista e baixista para a banda em São Paulo eu conheci o baixista da banda portuguesa “Bal Onirique” e onde começamos a trocar arquivos, ele me mandava as linhas de baixos gravadas em um estúdio em Portugal para as novas músicas do disco da TNV.

Neste mesmo tempo conheci a cantora norte americana ROSE LISA e convidei ela a participar de uma versão do single FROZEN e ela aceitou fazendo o mesmo me mandando os arquivos em meu e-mail. Assim acabou que gravamos mais outros singles com a participação de ROSE LISA nos vocais. Este segundo ep da sequência 2013 foi uma nova experiência pra mim pois produzi um disco totalmente diferenciado pela forma em que foi feito pela transferência de arquivos o que atualmente graças a tecnologia podemos o fazer. Após este disco fiz uma entrevista com Rose Lisa também mas atualmente acabamos que perdemos contatos novamente.


Ela mora na cidade de Buffalo, Nova Iorque e recentemente tocou em um programa de rádio na cidade dela mencionando nossa participação mas atualmente acabamos perdendo contatos. Porém foi uma grande experiência para todos nós este disco e recentemente 2 de nossos singles deste disco LOVE FOR MONEY 2.0 e SAME DREAMS estão sendo tocados em

7- A coletãnea de singles "We will keep our passions" é um bom cartão de visitas para quem quer conhecer a banda?

Sim, um grande cartão de visita. Gostaria de colocar ainda alguns singles antigos da TNV de quando era um projeto eletrônico mas o som soa muito diferente e até me perguntam se seria a mesma banda e tal.
Esta coletânea une sons de todos os ep’s da TNV em sua segunda fase podemos dizer assim, SOME SECONDS de 2011, PULSE, MONOCHROME VISIONS, DIRTY AND SARCASTIC e CHOICE CONTROLS que também se trata de uma outra coletânea mas com apenas demo versões e live studios com algumas covers de bandas de que gostamos bastante.



8- A T.N.V está no line up do Festival Woodgothic de junho de 2015, gostaria que comentasse sobre as expectativas, formação e etc.

Sim, a TNV estará no festival em junho de 2015 e será uma realização de um sonho antigo particularmente meu, pois se tratará de uma meta realizada.
Poder colocar a TNV e suas batidas industriais no palco e ver o pessoal seguindo o ritmo dos sons será muito gratificante, consigo imaginar isto e me animo cada vez mais só de pensar nesta chance. Já senti isto com o AUREAH em 2009 quando tocava teclados na banda mas com a TNV será a primeira vez e será muito bom e as expectativas são as melhores possíveis para a realização disto. Espero após esta apresentação que era um sonho desde a época do ep PULSE que não se realizou poder nos apresentar mais vezes em São Paulo e outros estados brasileiros e Portugal onde já tive um convite.


Neste show o amigo santista HANSEN da banda H.A.R.R.Y será nosso convidado especial nas guitarras. Os baixos provavelmente serão mecanizados assim como as bateras e teclados, algo em torno ao SISTERS OF MERCY o fazem hoje com 2 guitarristas e a diferença que eu também irei cantar e tocar em algumas faixas e é claro executar nossa TNV MACHINE. Convidei a vocalista MARIE BRANDÃO da banda mineira PENUMBRA também para fazer algumas participações nos vocais de LOVE FOR MONEY, SOME SECONDS e FROZEN .Será uma grande apresentação e espero contar com todos vocês presentes por lá.



9- O que tem escutado ultimamamente ou sempre? o que te influencia?


TYPE O NEGATIVE um vício que ainda ouço muito, SISTERS, bandas industriais clássicas como MINISTRY, DIE KRUPPS e poucas novas como INTERPOL.
Já ouvi muita coisa, antigamente eu ouvia mais, mas como disse anteriormente com o passar do tempo particularmente pra mim se perdeu a graça, pois a busca por novas mídias e a liberdade de fácil acesso aos mp3 muitas vezes com péssimas qualidades se perdeu o sentido.

Ainda ouço as mesmas coisas de antes como sempre. Tento me atualizar ouvindo umas bandas novas mas sempre me desanimo ao perceber que uma é ou peca como cópia de outra . Está cada vez mais difícil se ouvir algo único, de som próprio.
Ainda acho que as de 80 são as melhores e sempre serão, espero estar errado disto pois logo nossas bandas prediletas irão acabar e se já não acabaram aos poucos e precisamos dar continuidade em novas gerações.



10- Agora uma pergunta clichê: qual foi o melhor momento e o pior momento da carreira do TNV?

O ep PULSE é uma ótima resposta para isto, rs. Foi um grande momento pra nós, estava cursando faculdade de DIREITO em São Paulo realizando um grande sonho e após leituras de Ciência Política vieram boas idéias para o então lançamento do single THE BODY POLITIC que para mim um dos nossos melhores hits até hoje e ao mesmo tempo estávamos pulsando aquele momento em particular eu e o Neto como sendo o marco para divulgar a TNV e shows a serem feitos.

Porém neste mesmo disco veio um dos piores momentos também com a saída de Neto onde tive que cancelar algumas de nossas intenções para aquele ano e a incerteza de continuar a compor com a TNV o que não aconteceu e estamos ainda hoje lançando novos singles.


11- Gostaria de acrescentar algo? Deixe o seu recado..

Bom, a TNV está trabalhando novos singles para 2014. Continuamos como independentes. Em breve iremos lançar um novo ep seguindo a mesma sequência de ep’s como em 2013 para após lançar um album e ou uma coletânea.

Espero que todos estejam presentes no Festival Woodgothic em junho de 2015 em São Thomé das Letras no sul mineiro pois será uma grande apresentação da TNV unindo nossos melhores singles e algumas covers de bandas que gostamos. Em nossa página da web www.reverbnation.com/officialtnv e ou no www.soundcloud.com/officialtnv você encontrará todos os sons dos nossos 4 últimos ep’s e alguns singles da coletanea de b-sides CHOICE CONTROLS que se trata de uma coletanea que resgata fragmentos de mídias em estúdio e demo versões não divulgados.

Agradeço ao Renato Andrade por esta entrevista e a todos que apoiaram e apoiam de alguma forma a TNV até hoje.

Obrigado !!!

TNV - Upcoming Releases / 2014 ( demo versions )

domingo, 6 de julho de 2014

The Night 77 - Hangar 110, dia 12 de Julho!



Em 2014, a The Night 77 completa 8 anos em uma festa pré Dia Mundial do Rock e final da Copa do Mundo!!!

Os shows ficam por conta das bandas:

Banda de Formatura HxC (Tributo ao Hardcore Mundial)
Asteróides Trio (Tributo ao Punk Nacional)
Insight (Dead Kennedys Cover)
Dead Souls (Joy Division Cover)
We are the Clash (The Clash Cover)

Discotecagem Especial com:

Márcio Carlos


******************* Cerveja mais BARATA até as 20hs*************************

Ingressos a venda na Loja 255 - Galeria do Rock ou pela Internet:
www.hangar110.com.br

R$15 (Antecipado)
R$20 (Na Porta/Internet)




quinta-feira, 26 de junho de 2014

Corazones Muertos


Biografia:

No começo deste século algo acontecia com o rock Argentino, um bando de roqueiros com guitarras com chifres e corações de pedra se juntaram e lançaram o primeiro registro dos Corazones Muertos, uma das bandas que viriam a se tornar referência para fãs de NY Dolls, Ramones, Hanoi Rocks, Sex Pistols, Dead Boys e Johnny Thunders And The Heartbreakers.



Mais de uma década depois, Joe Klenner (integrante do Daniel Belleza & os Corações em Fúria), guitarrista, vocalista e idealizador dessa idéia, hoje erradicado no Brasil, revive os Corazones Muertos com um time de classe. Flavio Cavichiolli (ex-Forgotten Boys - ex Pin Ups) é o responsável pelas baquetas com a brutalidade que lhe é habitual,Guilherme Rosa na guitarra e Arthur Cocev no baixo completam a gangue.


Corações moribundos, batendo com o peso de mãos calejadas pelos anos de abuso de tudo que o rock, no sentido mais cru e cruel da palavra, oferece aos seus amantes.

Membros:
Joe Klenner: Vox & Guitars
Guilherme Rosa: Guitars & Vox
Arthur Cocev: Bass & Vox
Flavio Cavichioli: Drums & Vox

Gravadora: Crasso Records

Influências: New York Dolls, Rolling Stones, Hellacopters, Turbonegro, Hanoi Rocks, Lords of the new Church, Dead Boys, Johnny Thunders, Social Distortion, The Ramones, The Clash, Sex Pistols, etc etc etc

Contato:
Website https://soundcloud.com/corazonesmuertos