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domingo, 16 de novembro de 2014

The Downward Path - Entrevista



Downward Path é uma banda criada em 1995, o nome foi inspirado de um filme erótico de 1914. Ricardo Santos é quase um "one man band", teclados, vocais, guitarras, produção e tudo o mais.
Entre várias bandas e projetos, ele já produziu muitas bandas do underground paulista e coletãneas. Entre vários trabalhos, o volume mais recente da coletânea De Profudis (post punk compilation)
Na sequência um papo com Ricardo Santos que toca no "Wave Summer festival 2015" com a banda Klaustrophobik.
Por: Renato Andrade





1)Ricardo tudo bem? Vou começar com a pergunta bem clichê mas que sempre ajuda:
Como aconteceu o seu interesse pela música e quais foram as primeiras bandas e etc?

Ricardo: eu quando criança (lá nos anos 80) ficava muio tempo sozinho, então ouvia muito
radio... e aliado a isso tenho tres tios que eram "boêmios" e saiam de carro com um violão velho e paravam de bar em bar para tocar e beber e me levaram algumas vezes e isso marcou muito a minha infncia/começo de adolescência. era grandioso na minha visão da época que 3 caipiras com um violão fossem tão bem acolhidos onde paravam e começavam a tocar beatles, U2, legião urbana e todos aqueles clichês de pop rock que hoje soam inexpressivos para a grande massa "underground"

2)Qual a sua opinião sobre: synths, eletrônica e a tecnologia no Rock? E aqueles comentários de alguns digamos 'radicais" que defendem "a Santa trindade do Rock"
Resumindo: Você usa a tecnologia e instrumentos convencionais sem nenhum problema?

Ricardo: sou extremamente suspeito para falar de tecnologia no rock já que eu apesar de ter começado a tocar com instrumentos comuns em uma questão de meses eu adotei o uso do computador e em 1995 eu já compunha sem a necessidade de uma orquestra, o que possibilitou chegar onde eu estou hoje no que diz respeito à tecnologia de criação. E a coisa do radicalismo por parte dos puristas é curiosa... um dos power trio mais famosos do mundo é o rush e eles nos anos 80 abraçaram os synths e fizeram discos fodásticos. Os Doors nos anos 60 ja tocavam sem baixista, uma vez que Ray Manzarek fazia as partes do baixo no teclado, um dos pilares do radicalismo nacional é o Sarcofago e eles adotaram as drum machine nos anos 90 para poder realizar o que segundo eles nenhum humano conseguiria. é uma realidade que não vai desaparecer: qualquer um hoje usa a tecnologia para compor e gravar. Qualquer celular tem aplicativos que possibilitam a criação de música. se presta? certamente tem artistas que fazem boa musica com um par de colheres ou com um supercomputador, tudo depende de quem opera o instrumento. Eu hoje em dia tenho em meu pequeno estúdio equipamento para compor e gravar tudo sem sequer ligar o computador, se estiver na rua posso usar um tablet ou o celular para anotar ideias, mas seria estupidez não aproveitar o melhor do que cada meio oferece. nas gravações recentes do Downward Path eu tenho usado apenas a bateria sequenciada com o computador e usado timbres dos módulos que possuo e gravado o resto "na unha", mas planejo gravar algumas faixas em fitas de rolo e cortados em vinil para sair em um box com o lançamento do CD que esta sendo produzido para sair em março próximo;

3) Alem de suas outras bandas e projetos, The Downward Path seria a sua banda principal? Conte sobre o novo line up e as novidades do D.P.

Ricardo: Costumo brincar que eu sou o Downward Path. Eu amo meu trabalho com o In Auroram, exorciso demonios no EXCISIO, me divirto pra caralho com o H.A.R.R.Y. and the Addict, me delicio com a sonoridade do Clube ad Miragem, quebro tudo com o Klaustrophobik, mas no Downward Path eu tenho tudo isso.
A formação atual (e espero que permanente) é a Bruna no vocal e eu com o vocal e todo o resto hehe

4) Sei que você sempre trabalhou na produção e divulgação de bandas o que tem feito e o que está a caminho?

Ricardo: Eu ainda tenho meu site (esta em standby, mas o endereço desde 1997 é ww.dark.art.br), mas ando meio alheio ao trabalho com a divulgação de bandas. Infelizmente a coisa da internert tem criado um distanciamento entre os músicos da cena (assim como de outras creio eu), e tem sido cada vez mais por conta própria. nisso os Zineiros tem se tornado cada vez mais um tipo dispensáveis de profissional. Quanto à produção, eu curto muito mas ultimamente faço mais consultoria (quem se interessar em ter sua banda recebendo pitacos meus é só gritar!) do que produção propriamente dita, já que eu moro longe de tudo e todos.
E o que esta a caminho é o primeiro CD oficial do Downward Path (13 anos depois da primeira demo) a ser lançado pela Wave Records


5) Gosta de rótulos? Concorda que as vezes a midia e algumas pessoas distorcem tudo? ex: Tudo é Rock, mas "Burzum e Yes" são grupos de Rock, mas Bem diferentes......Como define o seu trabalho?

R: Rotulos são como camisetas de banda (que todo mundo diz que usa apenas para elas, mas serve para criar uma identidade de grupo e lubrificar relações e facilitar o encontro de pessoas com gostos similares). funciona? certamente. mas muita gente prefere não usar porque cria limites que nem sempre são bem vindos.
Usando um dos exemplos citados, você pega o album Hvis Lyset Tar Oss do Burzum que é um album típico de black metal e compara com o album Hliðskjálf que se colocado entre discos do Jean Michel Jarre ou Vangelis passaria batido, como pode-se rotular a banda?
Meu trabalho é mais ou menos como isso. eu apesar de tentar manter um caminho linear de produção, ainda é dificil traçar um paralelo entre Apart e These Days Are Gone Away por exemplo (ainda porque eu fiz o caminho reverso tendo começado com uma sonoridade mais sintética e tenho caminhado em rumo à humanização, que é a contramão da maioria das bandas que mudam de sonoridade)

6) Como você faz as suas músicas?, ainda no estilo "tudo começa no violão", ou teclados e computador?
Uma música como "Need" por exemplo foi feita em um violão? (rsrs)

R: Sim, sim, Need foi feita no violão!
eu ainda uso muito o violão pela praticidade (sempre tenho um ao lado da cama), mas troquei o uso do computador pelo tablet, para poder compor sem sair da cama hehe

7) Lembro que uma vez você apareceu com uma gaita de foles na loja Ferro Velho, como andam as suas pesquisas musicais? Você vai virar um "One man band"??

R: Eu tenho verdadeira paixão por coisas que fazem barulho e sempre que tenho a oportunidade pego algum instrumento diferente nem que seja para experimentar (como foi o caso da gaita de foles). atualmente eu tenho me divertido com uma Viola Caipira (usei-a na gravação de vidas secas que esta dísponivel no soundcloud) e tenho construido alguns geradores de ruido/osciladores para as minhas experimentações.
Quanto a me tornar um "one man band", eu ja abracei a causa a anos com o "Lifetime of Trials", "Von Richthofen' e até mesmo o "Downward Path" em alguns períodos

8) E sobre Cena e bandas undergrounds, o que existe de bom hoje? E o que te incomoda? O que acha desta nova midia e alguns lugares, eventos etc (virtual e física) da para
confiar? ou é tudo uma máfia de amigos?

R: Eu não sei bem o que acontece no underground hoje em dia.. eu não saio de casa a não ser para tocar, então não tenho parametros para falar a respeito. sempre que descubro alguma banda nova acabo descobrindo a seguir que só é nova para mim (e isso não é de hoje, porque eu me achei um genio quando compus melissa e dias depois alguem me contou sobre uma meia dúzia de bandas que ja fazia música com aquela sonoridade).
A internet como meio de propagação é linda! mas tira muito do romantismo de colecionar. eu tinha um orgulho tremendo da minha coleção de discos, fitas, videostextos, posteres, camisetas e tudo o que eu conseguia garimpando sobre as bandas que eu me interessava. hoje em dia com alguns cliques em uma página da internet e algumas horas de download eu tenho discografia completa, biografia atualizada minuto a minuto, e-mail pessoal de cada um dos membros da banda. em termos comparativos é como a vida real e o filme "Weird Science". não existe mais o prazer da conquista, o desafio da possibilidade da derrota. vem facil, vai facil.


9) Qual foi o melhor som que tocou e qual a maior roubada que teve de passar?

R: Acho que o show mais tecnicamente perfeito foi o do In Auroram no SESC Vila Mariana em 2009, mas se for quantificar qual o melhor em termos de diversão (ou a maior roubada) eu não sei quantificar. todo evento tem seus pontos positivos e negativos...

10) Como é o lance do Clube da Miragem? Ainda toca com eles?

R: O CDM é uma jam do Nick Cave e Blixa Bargeld com Cartola e Adoniran Barbosa (sim,
tocamos samba. sim, nós misturamos com pos punk. não, nós não temos vergonha disso). Sim, eu ainda faço parte do bonde dos malditos hehe


11) Na sua música você facilmente vai de um Slayer passando por Anti Nowhere League e Death in June. Creio que o radicalismo vem de algumas pessoas que acham heresia ouvir punk rock, EBM e darkwave, o que tem a dizer sobre?

R: Na abertura dos shows do Canibal Corpse nos anos 90 tocavam Dead Can Dance, na Australia, uma banda de black metal canadense chamada niflheim abre os shows do death in june, o darkthrone gravou um cover da Siouxsie and the banshees, Carpathian forest gravou um cover do cure, poupee fabrikk gravou um cover do bow wow wow, ryan adams gravou um cover do iron maiden, vader gravou covers do Depeche mode e do das ich, o Apoptygma berzerk remixou o Satyricon alem de ser amigos dos caras, das ich remixou Morbid angel, Anti nowhere league gravou covers da Cher e do Ralph mctell, Pistols gravaram Sinatra, Madonna homenageia Dimebag darrel em seus shows... e a lista vai longe. porque eu (ou qualquer outra pessoa) deveria se ater à mentalidade pequena de radicais anonimos que ouvem pagodinho escondido atrás de seus monitores e pagam de troo na balada?

12) Algumas citações e palavras, fale o que quiser:

I) filmes XXX ou filmes hard core movies?

Ricardo: XXX sempre.

II)Grind, crust e D-beat?

R: D-Beat

III) Punk rock americano ou europeu?

R: Europa, the gates of hell!

IV)Downward Path

R: Declinio perpétuo do nascer até o túmulo.

V) Música e política

R: Adoro crass, skrewdriver e public enemy com a mesma intensidade.

VI) Death in June fascista???
Crisis Anarquista !!!

R: É tudo uma cambada de nazi safado chupador de pau branco e não circuncidado..

VII) Harry (a banda)

R: Do caos à raw demo

VIII)Folk apocaliptico

R: Swastikas for noddy!

IX) Ebm old school e new ebm?

R: New ebm? achei que isso fosse trance

X) Wave Summer festival 2015

R: Klaustrofóbicos do mundo, uni-vos!

13) Pretende lançar algum CD, EP, LP ou K7? O que acha deste novo formato e mercado da música?
R; Se tudo correr bem em Março nas melhores lojas do ramo, CD. e edições limitadas em k7 e vinil.

14) Onde encontramos material do Downward Path e suas outras bandas?
R: Soundcloud.com/rss1334, www.myspace.com/ e www.lastfm.com,



15) Para terminar pode falar mal de tudo e todos e dar sua mensagem...

Ricardo: Lema da casa: se não tiver nada de bom para dizer, calo-me: " If the kids are united then we'll never be divided!"



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