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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Entrevista: Poemas de Maio

Poemas de Maio surgiu no ano de 2010 com Henrique Iasi Pilch e Gabriela Iasi Pilch.

Os dois já participavam da banda Persephone Eyes mas sentiam a necessidade de fazer um som mais dançante e desprendido da “pegada” apenas pós-punk/gótica.

Podendo trabalhar o som com baterias e efeitos, guitarras e vocais mais “soltos”, começaram a criar em cima de idéias que o Henrique já havia composto anos antes, apenas um esqueleto de vontades que ainda não se encaixavam...

A formação completa atual da banda é: César na bateria, Ricardo na guitarra, henrique no baixo, becking vocal e bases e Gabriela no vocal e composição das letras.

O primeiro CD com o título: “Falling” foi lançado com o selo Schatten Projeckt em setembro de 2012 e um novo cd está sendo produzido com lançamento previsto para começo de 2015.

A seguir confiram a entrevista com a vocalista e artista plástica Gabi Iasi.

Por: Renato Andrade.





1-Oi Gabi! Vou começar a entrevista perguntando algo que pode soar meio clichê, mas a intenção é frisar mesmo: Como encaram o lance da música autoral? Matar um leão por dia? Ou.....

Sempre encaramos esse lance de musica autoral com muito pé no chão, sabemos de todas as dificuldades, e por isso mesmo nunca despejamos expectativas em excesso em nosso projeto. O que sempre nos motivou foi fazer musica, e conseguir de alguma forma atingir quem está escutando nossos sons. Desde o inicio sempre tivemos consciência de que se quiséssemos alguma coisa, teria que ser feito por nós mesmo, desde a gravação de um cd, até arranjar um local para tocar, por tanto os contra tempos não são uma surpresa ou um incomodo, e se estamos de pé até hoje é porque a vontade de fazer musica é maior que tudo isso .

2-E sobre manter uma formação fixa na banda, conte as novidades e como rolou a entrada do novo guitarristas?

Tivemos muita sorte em relação à formação, nós quatro somos acima de tudo amigos, e isso facilita muito as coisas, leva nossa relação para um nível muito mais sólido e duradouro, além das questões que envolvem a banda sempre buscamos ouvir, dialogar e na medida do possível ajudar uns aos outros, e o melhor de tudo é que essa essência se manteve com a entrada do Ricardo (guitarrista), que se encaixou perfeitamente ao grupo, tanto em questões pessoais quanto musicalmente, já que ele trouxe uma nova estética para nosso som, na qual estamos gostando muito, desde janeiro estamos tocando juntos e conseguimos criar um material novo bem diferente e interessante, sua colaboração para banda é tão importante que hoje é impossível imaginar o Poemas de Maio sem ele.

3- Como é para você Gabi assumir o papel de vocalista em um ambiente em que a maioria das bandas possui vocal masculino?

É um grande desafio, pois é uma quebra de paradigma, geralmente o vocal feminino sempre atua juntamente com o vocal masculino ou se limita ao backing vocal, mas ter uma banda guiada totalmente por um vocal feminino sempre foi uma das características principais que buscávamos para o Poemas de Maio, e hoje graças a essa característica conseguimos encontrar o elo de ligação entre melodia, voz e letra.



4-Além das músicas próprias, vocês pensam em trabalhar com alguma versão de outras bandas em suas apresentações, como a Reptile?

Sim, sempre buscamos em nossas apresentações tocar uma ou duas composições de outras bandas, sempre escolhemos a musica de acordo com o publico que está presente, procuramos ser ecléticos em nossas escolhas, tocando desde REM, Joy Division até Killing Joke. E na medida do possível buscamos uma roupagem diferente para as musicas, pois nos permite trazer algo de novo para as pessoas que estão em nosso show

5-Gostaria que você explicasse porque escolheram esse nome para a banda?

A principio uma banda que possui composições em inglês ter um nome em português pode soar antagônico, mas a nossa idéia é justamente o oposto, queremos sempre frisar que apesar das nossas influencias musicais serem européias, americanas e principalmente britânicas, somos uma banda brasileira e nos orgulhamos disso, ao contrario de algumas banda do under ground, que procuram passar uma imagem “gringa”, nós nos vestimos e agimos como brasileiros. E em relação ao nome Poemas de Maio, a parte do “Poemas” é bem fácil de explicar, o motivo principal da banda existir é justamente musicar poemas, tornando-os ritmados e dançantes. Em relação a escolha do “Maio” para compor o nome, é para fazer uma referencia ao Post-Punk, pois, apesar de não sermos uma banda de Post-Punk, ele nos unem através de um gosto musical em comum, e Maio é o principal mês desse gênero, uma vez que é o mês de aniversário da Siouxie (Siouxie and the Banishes), do Morrisey (The Smiths) e aniversário de morte do Ian Curtis (Joy Division).


6-E qual foi a pior roubada e o melhor acontecimento do poemas?

Tantos anos na estrada ja nos proporcionaram algumas roubadas, uma vez fomos tocar e na volta quase fomos assaltados, só que para a infelicidade do assaltante um de nossos amigos era um policial e nada aconteceu, teve outra ocasião em que na hora de montar os equipamentos, a organizadora do evento nos informou a voltagem errada (ela nos informou que o local era 110 volts mas na verdade era 220volts), quase tivemos um prejuízo daquele, e teve várias outras histórias de comidas estragadas e quase todos passarem mal na hora do show, uma vez pegamos uma estrada errada e demoramos quase três horas a mais para chegar no evento, e muitas outras roubadas, mas essas roubadas dão um toque especial para a história da banda. Em relação aos acontecimentos bons, não teve um melhor, que se destacou, pois são pequenos fatos isolados que nos agradam, desde quando alguém curtiu nosso show, nosso cd, posta uma musica nossa em uma rede social, ou quando conseguimos agradar um publico totalmente novo.

7-Falando em "roubadas" do underground, isto sempre vai existir infelizmente. Somos todos masoquistas mesmo? o que motiva vcs a nadarem contra o tsunami?

Não creio que somos masoquistas, talvez só um pouquinho pirados, a musica nos proporciona tantas coisas legais, como risadas, um ambiente bacana, poder mostrar nossas composições, se divertir, as vezes viajar para tocar, então com certeza o nosso saldo do underground é extremamente positivo.


8-Creio que não dá para viver de música neste país, qual é a sua ocupação, hobbie, etc...

Para o nosso gênero musical, realmente é complicado viver de música, pois não é atualmente um gênero popular, por isso mesmo cada um de nós possui uma ocupação que nos garante o suporte financeiro para pagarmos nossas contas e até mesmo para continuar com a música, que exige investimento. E além de nossa banda e trabalho, cada um possui seus hobbies e interesses particulares, mas as vezes saímos todos juntos para descontrair um pouco e dar risada

9-O Poemas de Maio está no line-up do Festival Woodgoghic 2015, quantas vezes tocaram e qual são as expectativas para o Wood?

Estamos muito contentes de voltar ao Wood 2015, é a segunda vez que tocamos nesse evento com o Poemas (2013 e 2015), e também tocamos na edição de 2011 com um outro projeto que não existe mais. As nossas expectativas são as melhores possíveis, para mostrar nosso trabalho, tanto para o publico nacional quanto o internacional, conhecer outras bandas e vivenciar novas experiências sonoras, que com certeza agregaram para nossos trabalhos futuros, sem falar que o local, São Tomé das Letras, é fantástico e sem dúvida nenhuma será um evento muito prazeroso em diversos aspectos.

10-Tenho notado que a cena underground está muito fraca, o que pensa sorbre isto? E também sobre bandas que dividem o palco e o público age como uma "panela' ou seja, fechados/apáticos,... Assistem a sua banda predileta e vão embora... O underground ainda tem salvação????

Para todos que vivem no underground, sabe se que existe uma tênue linha entre mostrar o seu trabalho de forma correta e se super valorizar, e infelizmente algumas bandas e organizadores acabam ficando com o ego inflado e sem duvida nenhuma essa forma de agir e pensar gera um repelente natural de seguidores, talvez se o underground fosse tratado de forma mais simplória e direta, seria muito mais cativante, uma vez que essa é sua essência. Com relação as panelas, essa não é uma questão do underground mas sim da sociedade atual, todos querem consumir muito rápido, ou seja, chegam no local, esperam sua banda favorita e vão embora, grande parte não consegue quebrar o paradigma e buscar algo novo, infelizmente o “fast food musical” também está no underground.


11-E sobre gravações? Algum CD ou LP a caminho?

Estamos trabalhando duro em um novo cd, que terá a principio dez faixas, pretendemos lançá-lo esse ano, e será um trabalho diferente de tudo que já fizemos, com novas experimentações sonoras, novos timbres, novos métodos de gravação, enfim, logo mais teremos boas novidades.

12-Como você canta em inglês, fica mais fácil para divulgar na gringa. No geral como fazem a divulgação da banda?

Cantar em inglês com certeza facilita o processo de aceitação, já que é um idioma universal, porém esse fator gera um contra ponto, pois é necessário ter uma atenção especial a parte gramatical e pronuncia, para evitar que uma musica seja desvalorizado por um erro de idioma. Com relação a nossa divulgação, focamos principalmente no cenário virtual, com redes sociais, soundcloud, youtube, site, entre outros, já que a abrangência é muito maior e esse é o perfil de consumo do nosso publico.

13-Já pensaram em uma tour internacional?

Temos essa vontade, no momento nos faltam recursos, mas acreditamos que um dia iremos fazer uma tour internacional, no momento estamos trabalhando duro para buscar um trabalho de qualidade, podendo assim despertar o interesse de alguém la fora, ai o restante do processo virá naturalmente.


14-Rotular uma banda é muito difícil, como você descreveria a música que fazem?

Nossas influencias são diversas, desde o metal, até a musica alternativa, passando por gêneros como o Punk e o Jazz, todo esse bolo sonoro resultou no tipo de musica que fazemos hoje, e para ser bem honesto, não conseguimos rotular nosso som de forma precisa, preferimos chamar genericamente de rock alternativo, devido a abrangência do gênero e pela diversidade de locais que tocamos, desde uma balada dark até uma virada cultural.

15-Bem esta última você pode falar o que quiser..

Renato, gostaríamos de agradecer o espaço que nos foi aberto no Alternar Zine que tem um trabalho tão bacana, nos permitindo contar um pouco da nossa história, e também agradecer a todos os leitores que estão vendo essa entrevista, caso queiram conhecer um pouco mais de nosso trabalho basta nos procurar no Facebook, SoundCLoud e Youtube. Obrigado a todos

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https://www.youtube.com/watch?v=QiWT2EfApwc&feature=youtu.be